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Olá, Marco!
Pois bem, a minha formação inicial é na área das Ciências, tendo sido professora durante mais de 10 anos, de alunos do 3.º ciclo e secundário, até conseguir perfazer os 5 anos de tempo de serviço, que exigia a lei, para prosseguir com o meu grande sonho!... Durante estes 10 anos, com horários incompletos e longe da família, dediquei-me de alma e coração a todos os meus alunos e, pude já contactar com um variado leque de alunos/formandos com deficiências, integrados em diversas turmas. A cada dia que passava, isso apenas aguçou ainda mais o gosto por querer chegar mais longe, na área da educação especial. E quando consegui perfazer esses 5 anos de tempo de serviço lá me inscrevi na minha especialização, onde aprendi mais algumas coisas, que tento sempre indo aperfeiçoar com formação contínua, que pago do meu bolso. Em 2006 quis aprender Braille, porque o bichinho estava cá dentro, já que também eu nasci com problemas na área da visão, que nessa altura ainda não estavam, devidamente, diagnosticados. Já tinha aprendido Língua Gestual Portuguesa, anteriormente, também. Foi quando aprendi Braille que aprendi também a trabalhar com o BrailleFácil, que te falei no outro post, do outro dia. No ano letivo seguinte fiquei colocada, em setembro (e até 31/8) com um horário de apenas 8h, a mais de 500 km de casa. Não consegui completar horário nem obter autorização da Direção Regional, para mais umas horitas. Pois bem, mas por que falo eu, desta colocação? Falo, para que o Marco possa compreender o que vou escrever a seguir... Era professora apenas de duas turmas, do mesmo ano de escolaridade. Nessas turmas tinha vários alunos com diferentes necessidades educativas especiais. Entre eles tinha o meu primeiro aluno com baixa visão, integrado numa turma e, sem qualquer apoio da educação especial. Esse meu aluno, estava ainda há poucos meses a perder visão e, estando na adolescência, se havia coisa que ele rejeitava era usar os óculos e, então as lupas isso nem se fala! Pois bem, foi um ano de trabalho duro e de muita dedicação, em que dei (e quando digo dar foi mesmo dado, porque o Ministério da Educação não teve a dignidade de permitir que esses apoios fossem pagos e, eu nem pedia que fossem pagos! Ficava feliz que me fosse contado, pelo menos o tempo de serviço...) apoio a esse aluno e ao seu irmão, que tinha o mesmo problema de visão, mas em grau muito mais avançado... Pois bem, esse meu aluno X, aprendeu algumas coisas comigo e, eu muitas mais! O irmão dele (aluno Y), que nos primeiros meses, não queria aprender Braille lá se acabou por convencer que gostaria de tentar aprender e, aprendeu. Sei que para o meu aluno X, o facto de também eu já recorrer a lupas, permitiu que, com o tempo aceitasse a deficiência que tinha. Com estes dois alunos aprendi muitas coisas, dei o que sabia e, fui estudando sozinha várias coisas para lhes poder ensinar. Fi-lo sem qualquer apoio do Estado, que nem a máquina Braille emprestou... Mas adiante, que é para que a azia não seja em demasia...
Lá continuei o meu percurso, de escola em escola, sempre com o meu objetivo dos 5 anos. Finalmente, esse dia chegou. Inscrevi-me na especialização. Aprendi algumas coisas, mas achei-as insuficientes, pelo que tenho tirado várias formações no domínio da visão.
Entretanto, já após concluir a especialização, tive a oportunidade de me dedicar a mais um conjunto de pessoas cegas e com baixa visão e, aí, aprendi muitas mais coisas, porque é no dia a dia, quando as situações nos surgem, que nos temos que adaptar a elas e tentar fazer o melhor que sabemos. Sei, que hoje, em algumas delas já faria melhor, mas também sei que só não o fiz melhor, porque não sabia fazer melhor naquele momento.
Pelo caminho tive problemas de saúde que me fizeram esquecer muito do que aprendi. Não baixei os braços e reaprendi e ainda reaprendo!
Muitas mais situações poderia relatar, mas talvez o caminho que tive que percorrer, tenha sido fundamental para aceitar com muita naturalidade o diagnóstico que me foi feito, no mês de Outubro. Agora terei que reaprender e aprender tudo mais uma vez, sem que utilize o sentido da visão. Se me parece impossível ler com os dedos? Sinceramente, parece, porque devido a um outro problema tenho pouca sensibilidade... Mas teimosa como sou. sempre, que tenho razão para o ser, sei que posso demorar muito a aprender, mas chegará o dia que o irei conseguir...
Pois bem, a minha especialização como já terás compreendido é no domínio da visão. Então, mas por que carga de água me interesso também pela área da audição? Por causa dos meus alunos e por familiares muito próximos, que têm surdez. Não quero perder a capacidade de poder comunicar com todos e de me fazer compreender por todos.
E quanto mais conhecimento se tem, mais noção temos do quão ignorantes somos.
Beijinhos para ti e, desculpa se o texto tem alguma gralha ou incorreção linguística, mas estou cansada para rever tudo o que escrevi.
Joana
Olá, Marco!
Tenta ver preços dos mesmos adaptadores também na FNAC e noutros locais idênticos, para teres uma ideia, se te estão a pedir muito.
Relativamente, ao braille fácil, eu já trabalhei com ele, há uns anos. É assim, não é tão fiável como o Winbraille, mas a nível de texto tudo OK. Na matemática é que aquilo dá dores de cabeça!!!!
Beijinho. No que puder ajudar dispõe!
Joana
Bom dia, Marco!
A fonte a quem encaminhei, acabou de te responder!
Beijo,
Joana
Olá, Marco!
Também era para estar presente no Congresso, mas por problemas de saúde, acabei por não poder ir.
Quanto a teres ficado pensativo compreendo-te, perfeitamente. Desanimado fico triste, pois sabemos que por cada pessoa que desanima diminui a esperança de conseguir mudar algo neste país...
Concordo, plenamente, quando dizes que no congresso deveria também ter estado presente um surdocedo congénito. Assim, permitiria verificar que as respostas que têm que ser dadas aos surdocegos são diferentes consoante a origem e altura em que essa mesma deficiência surge.
Quanto a não convidarem pessoas que lidem, diariamente, com pessoas surdocegas, volto a concordar com o Marco, pois seria bem mais produtivo para todos ouvir os conhecimentos dessas pessoas, pois só através de quem sabe mais poderemos aprender algo de útil. Quando falas dos médicos, em Portugal, ainda se assiste a uma medicina um pouco estranha. É que os nossos médicos, cientificamente, são, globalmente, muito bons e até dos melhores do mundo. No entanto, nas relações humanas há alguns que, infelizmente, deixam muito a desejar. Acho que todos os médicos deveriam aprender a comunicar com os diferentes tipos de pessoas que lhes podem aparecer.
Lá porque se é cego, surdo ou surdocego não se é desprovido de inteligência! É que um adulto com qualquer uma destas deficiências ou outra, não gosta mesmo nada de ser tratada como uma criança de 5 anos. Se se vai com um acompanhante é mais por uma questão de logística. Gostamos de saber o que temos pela boca do médico...
Felizmente, tive a sorte de, finalmente, conhecer uma oftalmologista que é uma amabilidade em pessoa, para além de ótima profissional... E que nos faz sentir não como uma criança de 5 anos acompanhada por seus pais! E que sabe dizer-nos as coisas. Dá-nos uma notícia má, mostrando-nos que não é o fim do mundo... E explica-nos bem o que temos e como, provavelmente, irá evoluir... Adiante...
Quanto à comunicação social uma grave lacuna! Não aprofundam os assuntos, não os estudam e tratam as pessoas como sendo atrasadas mentais, que só ali vão porque necessitam de ajuda e, não se conseguem desenvencilhar sozinhas. Não abordam os temas que verdadeiramente interessam, tais como, sensibilizar a sociedade para a diferença e verdadeira inclusão, explicar que todas as ajudas técnicas são caras, as acessibilidades a vários níveis uma lástima... E aqui muito mais haveria a dizer... Adiante também...
Quanto à poesia gostava de a ler, caso o Marco, não se importe de a partilhar. Mas só pelo verso que escreveu deduzo que ao lê-la me identificarei com ela. Há pessoas que têm o dom de nos fazer sentir que o negrume é um dom também...
Quanto ao Professor Jan Van Dijk tenho mesmo pena, não ter tido a oportunidade de o poder ouvir...
Quanto aos professores e as escolas públicas quero ressalvar, que em Portugal, não há formação adequada para responder corretamente aos alunos/formandos surdocegos, porque o nosso Ministério da Educação e Ciência não quer investir nessa área (falta saber se quer investir em alguma coisa!...), pelo que nas escolas públicas este grupo de pessoas é tratado no grupo das multideficiências e, como tal, acompanhado por colegas da educação especial, especializados no domínio cognitivo e motor, que fazem o melhor que sabem e podem, mas que por norma é insuficiente, principalmente, para quem não tem ainda experiência (e, infelizmente, para se ter experiência alguém de algum modo foi um pouco "cobaia")... Como a especialização no domínio cognitivo e motor demora, em média 300h de formação presenciais, escusado será dizer que os casos de multidefeciência são abordados em poucas horas e, por isso, está visto o que acontece, no que diz respeito aos casos de surdocegueira... Salvo raras exceções de colegas incansáveis e exemplares que tudo fazem em prol dos outros, já se sabe quem sofre, principalmente, quem não vive na capital e/ou não tem um acompanhamento quer familiar, a nível social, emocional e financeiro que permita crescer em harmonia e em equilíbrio... Adiante, que é para não escrever algo que ainda possa ofender alguém que isto leia...
Resumindo, no próximo Congresso sobre esta temática espero ver os Marcos deste país e as suas famílias a darem o seu testemunho, a partilharem as suas práticas, as suas vivências e experiências. A ensinar-nos a sermos pessoas verdadeiramente integradoras e a querermos aprender mais. Espero também que pela primeira vez o Ministério da Educação e Ciência esteja devidamente representado e seja responsabilizado pela educação e formação destes cidadãos, que têm iguais direitos aos seus concidadãos... mas por enquanto, ainda só no papel... na prática todos sabemos como é...
Bem haja aos Marcos deste país que não se resignam e não desistem.
Beijinho,
Joana
Olá, Marco!
Vamos lá ver se é desta que consigo responder!
Relativamente, à compatibilidade com o Windows 7, não sei responder. Mas já encaminhei a uma pessoa que é capaz de saber.
Relativamente, ao adaptador USB para porta paralela existem cabos adaptadores. Encontrei à venda, por exemplo, no seguinte link: http://www.kuantokusta.pt/1/126658/Adaptador-usb-a-paralelo-db25
Custa 12,90 euros. É natural que nas lojas de informática encontres tais adaptadores.
Cumprimentos para ti,
Joana
Desejo que realize os seus sonhos... e que lolo, logo, saiam do papel...
Abraço
Parabéns, Diego!
Agora toca a exercer. Boa sorte...
Boa tarde Filipe!
Enviei um email onde digo onde moro e pergunto algumas coisas mais.
Agradeço que leia e responda, quando lhe for possível.
Obrigada.
P.S. Já agora sabe-me dizer o que tenho que fazer, para que desapareça um "Array", no fim de tudo que eu posto? Obrigada.
Joana
Sim, já reparei que aqui se encontram pessoas que nos ajudam.
Obrigada ao Marco e aos restantes também.
Abraço
Infelizmente, o nosso Minisro da Educação e Ciência nem tem noção de que para existir igualdade de oportunidades é, muitas vezes, necessário criar mecanismos de diferenciação que permitam que os alunos com NEE atinjam as mesmas metas curriculares, dos restantes colegas.
Para a nossa equipa ministerial o processo de inclusão é apenas fazer com que um aluno com NEE partilhe a mesma sala de aula com mais 29 alunos (seus colegas de turma) e um professor.
Pois bem, quando falamos em inclusão queremos referir-nos a que haja uma verdadeira integração de todos, em que a partilha de várias experiências permitam que alunos com e sem NEE aprendam, efetivamente, a saber estar, a saber ser e a saber fazer.
Para tal, torna-se necessário que estas turmas sejam mais reduzidas, como está previsto e, bem, no DL n.º 3/2008, mas que, na prática, não está a ser cumprido em muitas das nossas escolas.
Torna-se necessário que estes alunos tenham ao seu dispor um professor de Educação Especial, que os ajude a consolidar os conceitos, que face à sua deficiência podem ter uma maior dificuldade em adquirir. Maior dificuldade não é sinónimo de não serem capazes de o conseguir! É isso, que a equipa ministerial também ainda não conseguiu compreender!...
No caso dos alunos cegos ou com baixa visão é fundamental que estes tenham acesso aos seus manuais e restantes materiais em formato que lhes seja acessível, de forma atempada. Não é admissível que o MEC não produza, atempadamente, todos os materiais que estes alunos necessitam. Mais, é ainda inadmissível, pura e simplesmente, chegar-se ao final de um ano escolar e uma aluna cega do nosso país, não ter ainda os manuais de Ciências da Natureza, Matemática e Inglês, porque o MEC não os produziu em Braille. A referida aluna teve apenas acesso aos materiais produzidos pelos professores de Educação Especial, que a maioria das vezes, em horário pós-laboral foram produzindo os referidos livros...
Um aluno com deficiência visual deve aprender, desde cedo, a trabalhar a sua visão (treino da visão) quando ainda tem, aprender Braille quando o diagnóstico o justifica, orientação e mobilidade, tecnologias de apoio e atividades da vida diária. Segundo a lei cabe precisamente ao professor de Educação Especial ensinar e ajudar o aluno a desenvolver estas mesmas competências. Se isto é o que está previsto, como se pode justificar, que haja, neste momento, alunos com deficiência visual, que na sua escola não têm apoio de professor de Educação Especial? Como é possível que haja escolas a solicitarem a colocação de docentes de Educação Especial, no domínio da visão, desde o mês de agosto e hoje seja a 30/10/2013 e ainda não tenha sido ninguém colocado (ainda que haja uma lista de professores com a especialização, por colocar) porque as Direções Regionais ainda não validaram estes horários?
Quem explicará a estes pais que os seus filhos não têm professor de Educação Especial, porque o Ministério não faz, corretamente, o que lhe compete?
Com políticas de segregação apenas estaremos a desmotivar os alunos, que face a uma dada "incapacidade", que não é corretamente colmatada, poderão não atingir os objetivos para os quais se propuseram e para os quais são capazes.
E agora deixo-vos com um outro exemplo prático de um aluno muito especial, em que em pleno segundo período se encontrava, totalmente, desmotivado:
Fui substituir uma colega, que já estava a faltar há quase um mês.
Na primeira aula de apoio o aluno (com baixa visão) acabou de chegar e disse-me que tinha que sair às 17h30, porque era a hora que o táxi o vinha buscar e, como ele era de muito longe lá me decidi a levá-lo ao portão a essa hora. Claro está, que tinha sido enganada! No dia seguinte, quando tocou às 17h45 o mesmo aluno proferiu apenas o seguinte: "Estava a ser tão bom. Percebi tudo. Hoje o tempo voou..."
Pois, com isto se percebe, como um aluno motivado e devidamente apoiado ganha em tão pouco tempo vontade de trabalhar. Apenas precisa que alguém lhe dedique alguma atenção...
Uma verdadeira inclusão pressupõe integração, pressopõe doar-se, pressupõe amar o outro mais do que a si mesmo.
Não queremos uma suposta inclusão que apenas segrega, que discrimina e coloca de lado quem é diferente, mas que precisamente por ter nascido diferente precisa apenas que ainda mais seja respeitado...
Como teria todo o gosto de explicar a esta equipa ministerial o que significa, verdadeiramente, incluir...
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