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Comentários efectuados por Luís Medina

  • Luís Medina comentou a entrada "Cegos no mundo da programação" à 16 anos 4 meses atrás

    Gustavo,

    Mozart compunha sinfonias aos oito anos. Programar é muito mais simples do que compor sinfonias pelo que os seus 13 anos não são empecílio para que possa aprender programação. O que sucede é que o tema é extenso e requer muita dedicação e insistência. Quando comecei, achava realmente que não seria capaz. Mas as dificuldades acabam por ceder.

    Não sou experiente e, por isso, talvez não seja a pessoa mais adequada para apontar-lhe um caminho definitivo. De qualquer modo, parece-me que tem de estar atento para os textos muito curtos e com aparência de simplicidade. Quanto menor for o texto, provavelmente menos detalhes estão disponíveis e, provavelmente, menor é a chance de que a abordagem seja gradual. Recomendo que vá até o WWW.apostilando.com. Você encontrará um grande número de apostilas de programação, para o nível iniciante, intermediário e avançado. Talvez tenha de ler bastante até que comece a entender. Tem de programar coisas simples e quebrar a cabeça com seus erros. As vezes, somos capazes de entender magnificamente o que nos disseram, mas pela falta de praticar não retemos a informação por mais de alguns minutos.

    Terá de experimentar muito. Se há outro modo de aprender, não sei. A lógica de programação é difícil para qualquer um que esteja a tomar o primeiro contato com ela. Não espere o caminho fácil. Se não for insistente, conseguirá um ou outro êxito, mas não progredirá. Aliás, se este conselho vale para a programação, creia, com muito mais força se aplica à vida. Não queiramos as coisas molemente. Querer é empregar todos os esforços para que o futuro seja tal como planejamos.
    Recomendo ainda que você se inscreva em algum grupo de discussão do Yahoo ou do Google. Assim, você sempre terá a oportunidade de postar o seu código e perguntar: “amigos, o que faço de errado. O código não compila, mas aparentemente não há nenhum erro de lógica”. No Yahoo, você encontrará o Freepascal, o Python-Brasil, o ListaC, o PHP-PT, o Java-BR e muitos outros.

    No apostilando, você encontrará boas apostilas de tais linguagens. Há muito código de exemplo. Mesmo que não entenda o que ele faz, copie para o seu compilador e veja o que ele faz. Tente alterá-lo e observe o que sucede. Pesquise muito. Tente entender o código produzido por outros programadores. Sofra um pouco sozinho, mas pergunte, pergunte muito quando não conseguir. Tem de vencer o vírus da desistência hoje e sempre.

  • Luís Medina comentou a entrada "Cegos no mundo da programação" à 16 anos 4 meses atrás

    Filipe,
    Crê que pensava justamente o contrário? Pensei que, com o GTK, teria mais facilidade. É que com o GTK, Wx e TK não preciso apontar as dimensões dos objetos. Fica para o gerenciador de geometria a missão de posicionar o objeto. Se tiver de dizer a coordenada e a dimensão de cada objeto, então, creio que sofrerei muito, muito realmente.
    Experimentei a linguagem de scripts Autoit. Janelas são criadas com facilidade sem medida. Veja que simples:
    $hwindow = GuiCreate(“Meu programa”, 300, 200)
    #Está criada uma janela de 300 por 200 pixels.
    $hbutton = GUIctrlCreateButton(“Meu botão”, 60, 100, 50, 20)
    #Está criado um botão com as dimensões especificadas e armazenado o seu identificador em $hbutton
    while 1
    $msg = GUIGetMsg()
    select
    case $msg = $hbutton
    run(“notepad.exe”)
    case $msg = $GUI_event_close
    exitloop
    EndSelect
    Wend
    No último trecho, temos a função GUiGetMSG() que consulta o Windows para ver se algo foi clicado. Se o botão for clicado, então, $msg será igual a $hbutton, identificador do botão e o Notepad será aberto, visto que no Select associamos o clique do botão a este evento. Se a aplicação for fechada, $msg será igual ao identificador pré-definido $GUI_Event_close que anuncia o fechamento.
    Pelo número de linhas que escrevemos, parece tudo muito simples. E realmente é. Com o Autoit tenho de apontar coordenadas e dimensões. Jamais as acertarei, disso estou convicto. Se optasse por este caminho, seria verdadeiramente por teimosia. O número de pixels é muito variável. Haveria tanto consumo de energia para fazer algo que, ao fim, não ficaria bom.
    Com o GTK, você pode criar aplicações gráficas apenas com código, muito embora existam desenhadores de formulário para ele. Por código, você pode dizer ao compilador ou interpretador. Crie uma janela. Crie duas caixas horizontais e as anexe a esta janela. Crie um botão e o anexe no canto superior esquerdo da caixa de cima. Crie um segundo botão e anexe-o a mesma caixa, posicionando-o ao lado direito do primeiro botão.
    O GTK se encarrega de dimensionar o botão de modo que o rótulo apareça por inteiro, que a distância entre os dois botões seja suficiente para que estejam ambos perfeitamente visíveis.
    Estou persuadido de que uns bons olhos jamais são dispensáveis. Mas creio mesmo que cegos, com algum cuidado, consigam fazer aplicações gráficas com gerenciadores de geometria.
    E por que não utilizo o GTK? Porque tive problemas para instalá-lo. Além disso, parece-me que o código por ele gerado, não é muito amistoso com o JAWS. Não importa. Há outros gerenciadores de geometria. Segundo pude constatar com um programa de demonstração, o C e o WxWidgets ou o Python com o WxPython são excelentes combinações.
    Sim, você está correto em dizer que aplicações em modo texto são mais acessíveis ao programador cego. Mas verdadeiramente não o são para o utilizador cego. Sem caixas e botões, a navegação é truncada. Além disso, é muito mais difícil para navegar em um relatório tabelar. Não se pode recortar e colar. Enfim, o modo texto é útil, relevante, mas tem suas restrições.
    De fato, em minha primeira mensagem, não tinha deixado claro onde queria chegar. Mas não se impressione. Se estudei tanta coisa é porque não tinha encontrado um caminho e o fato de ter experimentado muita coisa talvez ajude-me a falar como gente grande, mas não programar como gente grande. Sim, tem razão. Devemos comemorar cada pequena vitória. Se ficamos o tempo inteiro a buscar a grande conquista, tendemos a ser menos felizes. Isto é fato. No entanto, digo-lhe que ter boa cultura geral sobre um monte de coisas, não o faz especialista em nada. No máximo, tenho a oportunidade de escolher com mais parcimônia.
    Há muita, realmente muita coisa que preciso aprender. Com o Pascal, brinquei muito com pequenos bancos de dados não relacionais. Na verdade, isto é bem mais difícil do que o SQL. Com um único “order by”, conseguimos ordenar um conjunto de dados. E com o Pascal, como se faz uma ordenação? Ufa! É um mar de ponteiros apontando para lá e para cá. Aquilo nada tem de simples. As vezes, utilizar algo mais moderno é mesmo para simplificar. Ainda assim, defendo que os programadores tenham primeiramente contato com o modo texto. Se iniciam diretamente pelas aplicações gráficas, ficam tão impressionados com janelas e botões que acabam por esquecer-se que o primordial é a lógica antes de qualquer coisa.
    Filipe, ao fim, digo-lhe que não estou insatisfeito com nada. Sim, desejo programar com janelas e botões. Mas nisso há também certo ar de pesquisador. Sempre que vejo a barreira da deficiência ter sua fronteira afastada para mais adiante, fico muito feliz. Você também é um alargador de fronteiras e, por isso, dou-lhe os meus parabéns.

  • Luís Medina comentou a entrada "Cegos no mundo da programação" à 16 anos 4 meses atrás

    Penso que seja este conselho realmente muito sábio. Por vezes, minha ansiedade faz-me dar um passo à frente apenas para que saiba que devo permanecer um passo atrás. Neste caso em particular, creio que estou apto a dar o passo rumo à interface gráfica.
    Quando disse que minha produção era praticamente nula, refiro-me a empreendimentos maiores. Li muitos manuais, experimentei compiladores, linguagens. Com o Pascal, fiz pequenos programas no modo texto. Utilizei com êxito operações com arquivos, bancos de dados não relacionais, ponteiros, listas encadeadas, matrizes, etc. Estudei várias bibliotecas do Freepascal. Decidi-me por este compilador. Martelei até que conseguisse entender e utilizar a programação orientada a objetos. Não imagina o quão doída foi esta transição. Aprendi a utilizar DLLs e a chamar rotinas com objetos de automação do Word e do Excel. Por este motivo, aprendi os rudimentos do VBA e eles foram suficientes para aquilo que desejei fazer.
    Com o C, o Autoit, o scripvox e com a JAWS Scripting Language, tive um contato que poderia denominar “cultura geral”. Li diversos manuais de todas elas. Pratiquei alguma coisa em todas elas. Mas não posso dizer que sou produtivo em todas elas. Com o Python, a identificação foi imediata. A sintaxe pareceu-me de uma limpidez exuberante. A riqueza de bibliotecas é maravilhosa. Com o TK, consegui criar interface gráfica, mas esta não era acessível ao JAWS. Por este motivo, considerei-a inadequada. Com o Autoit, também consegui criar interfaces gráficas, mas como há que se apontar coordenadas x e y para cada objeto, não me pareceu produtivo. E se para programar, há que se desenvolver a lógica, então, brinquei até mesmo com o Prolog.
    Então, tive contato com o PHP. Com o Bloco de Notas, programei HTML,, fiz validações em Javascript, utilizei folhas de estilo, programei a lógica em PHP e utilizei o SQL do banco de dados Mysql. Tentei a combinação PHP e GTK. Tive êxito em criar janelas e botões, conforme atestaram-me os olhos alheios, mas não eram compatíveis com o JAWS. Verifiquei que Pascal e GTK também era uma combinação possível, mas resultava na mesma inacessibilidade.
    Pareço metralhadora giratória? Talvez, mas digo-lhe que obtive muitos bons resultados com isso. Faz parte dos meus hábitos de estudo, sempre ter uma visão abrangente do assunto. Não produzi nada que fosse de vulto. Sinto profundo tédio com o modo texto, mas reconheço que é ele o princípio de tudo. Não, meu amigo, não sou daquela classe que imagina que programar é distribuir botões e caixas de edição sobre um formulário. Também fiz isto com o Access, mas lá não programei quase nada.
    O que quero dizer-lhe com tudo isso, é que penso já ter calo suficiente para enfrentar as interfaces gráficas, por isso, considero mesmo que este seja o próximo passo. Apesar de toda esta cultura geral, certamente relevante, não sou um grande programador. Quando referi-me ao fato de encarar a programação como brincadeira, apenas contraponho à profissão de programador. É brincadeira séria, conforme atesta este esforço de aprendizado.
    Considero que HTML, CSS, PHP, Javascript e MySQL seja solução bem acabada para a programação Web. O que desejei, por meio desta mensagem, é alargar este horizonte para encontrar a combinação adequada também para a programação desktop. O seu conselho é fundamental e naturalmente não pode por meio de uma mensagem, deduzir quanta sova já levei da programação. Mas independentemente da sova, não sou experiente e, por isso, preciso ouvir gente como você, que tem experiência relevante, que vive da programação, que já se deparou com problemas extraordinários e que alcançou solução para eles. Visitei muito o Apostilando.com. Aprendi muita coisa com apostilas e fóruns de discussão. Já que tracei todo este caminho, fiquei a pensar que escrever uma apostila para orientar programadores cegos seria uma grande idéia. Não um manual de programação, porque deles a internet está repleta, mas um manual de acessibilidade para programadores cegos. A experiência que tenho não dá para tanto, mas hei de chegar lá. Por enquanto ficarei a brigar com as interfaces gráficas em programação desktop, com o WX que parece ser a solução. Conheço-me ao ponto de saber que ficarei incomodado se não tentar. Se tentar e não conseguir. Se concluir que devo dar um passo atrás, não há problema, fá-lo-ei tanto quanto já o fizera em outras oportunidades.

  • Luís Medina comentou a entrada "Cegos no mundo da programação" à 16 anos 4 meses atrás

    Rui,

    Eis o ponto: não desejo programar interfaces gráficas extraordinárias. Também não me importo que alguém diga: “Este botão ficaria melhor um pouco mais para a direita”. Ora, ora, não posso ignorar o fato de que sou cego e, portanto, tudo quanto diga respeito à disposição visual de elementos gráficos, sem dúvida, é-me mais difícil depreender do que o seria para pessoa de visão normal.

    Contudo, deparei-me com os gerenciadores de geometria. Eles dispõem os objetos de modo que o JAWS não reclamará. Creio que terei a convicção de que o botão é largo o suficiente para caber o rótulo e que não há objetos uns sobre os outros. Deixarei para a próxima encarnação o prêmio de mais belo aplicativo do mercado. Para mim, isto é suficiente.

    Bem, você falou no WX. Pareceu-me muito bom. Com Python, já havia tentado o TK e o GTK. No entanto, encontrei um problema. Estas bibliotecas não recorrem a chamadas da API do Windows, por isso, tornam-se inacessíveis ao JAWS. Não é este o caso da WX e, por isso, decidi escolhê-la. Aprecio muito o Pascal, mas este não é compatível com o WX. Não há problemas. Posso programar a interface em C e chamar rotinas em DLLs escritas em Pascal. Posso adaptar-me ao C e escrever tudo em C. Na verdade, quando estamos dispostos, podemos um monte de coisas.

    Disse-lhe que o GTK era inacessível ao JAWS. Entretanto, as janelas do NVDA não o são. Suponho que os módulos foram compilados e, quando isto aconteceu, as chamadas foram convertidas para estar compatíveis com a API do Windows.

    Com o WX nada disso é necessário porque produz código perfeitamente compatível com o JAWS. Entretanto, não consegui evoluir. Tenho o DEV-C e, por isso, tentei instalar o WxDev-C. Algo não resultou pelo que minhas conclusões não passam de suposições. Assim, pergunto-lhe:
    1. Sabe como instalar o Wx?
    2. O SWT é biblioteca que implica o gerenciamento de geometria? É fácil de instalar?

    É incrível, meu amigo, verifiquei que a instalação do Wx e do GTK são coisas tão complexas que fui capaz de ler manuais inteiros sobre a referência da linguagem, mas não fui capaz de instalar as bibliotecas. Como disse, gosto muito do Pascal em sua vertente orientada a objetos. Há 3 possibilidades para as interfaces gráficas: o GTK, que não consegui instalar; o Windows Forms, nativo do compilador, que implica a indicação de coordenadas e dimensões para os objetos e, por fim, a API do Windows que é extraordinariamente confusa.

    Se conseguir instalar o GTK e se ele gerar janelas acessíveis, então, fico com o Pascal. Se não conseguir, parto para o WX e o C. Se não conseguir, passo para o Wx e o Python. Se não conseguir, tento o Windows Forms. Talvez, tente o SWT ou outra solução. O problema é que não consigo ter um ambiente funcional para que os testes possam ser feitos. Saberia dizer-me qualquer combinação de linguagem, compilador e gerenciador de geometria que seja simples de instalar. Tenho tido suficiente perseverança para programar, mas talvez não para configurar.

    Quanto ao que perguntou, Gustavo, aprendi Pascal e tive contato com o Python. Se deseja programar, saiba que as linguagens de programação são meramente ferramentas por meio das quais o pensamento lógico se exprime e é compreendido pelas máquinas. É essencial que domine uma linguagem de programação, mas é ainda mais essencial que domine a lógica de programação. Deve entender como um programa funciona. O que é uma seqüência, um desvio, um laço. O que são constantes, variáveis e tipos. O que são funções e procedimentos. O que são escalares e matrizes. O que é programação estruturada e programação orientada a objetos. O que são bibliotecas, etc. É mais ou menos como aprender um idioma estrangeiro. Enquanto não se depreende a lógica, parece complicado, mas quando já se exercitou o músculo da persistência, tudo se descortina magnificamente. Como pode depreender pelo tópico que criei, tenho esta ou aquela cortina aberta, mas ainda tenho salas inteiras nas trevas absolutas!

  • Luís Medina comentou a entrada "fórmulas úteis no excel. " à 16 anos 4 meses atrás

    Penso que não há uma função que permita obter diretamente o percentual de um número. NO entanto, como 30% equivale a razão 30 sobre 100, então, temos que equivale a 0,3. Assim, se tenho 25 reais e pretendo reduzi-lo em 30%, posso escrever a seguinte expressão:
    =25-25*0,3 ou simplesmente =25*0,7

  • Luís Medina comentou a entrada "Informática para DV" à 16 anos 5 meses atrás

    Não conheço o Firefox. Certa vez, instalei-o, mas faz tanto tempo que não posso ter medida segura de suas funcionalidades. Comparei-o ao Internet Explorer e, na época, apresentava grande desvantagem, visto que os atalhos de teclado para mover-se entre os cabeçalhos, tabelas, links e blocos de links, citações, listas, frames não funcionavam. Assim, para quem desejava agilidade, não era uma boa opção. Este panorama mudou?

  • Luís Medina comentou a entrada "Há páginas que têm um nome vergonhoso!" à 16 anos 5 meses atrás

    Sempre devemos estar atentos para não ver preconceitos em tudo. Freqüentemente, encontro cegos que se ofendem com tanta coisa que falar-lhes é como jogar Campo Minado. Mas, apesar da percepção de que isto realmente sucede, no caso que menciona, concordo consigo. É possível mesmo que os criadores da página não desejem ofender a quem quer que seja, mas penso que, havendo tantos nomes possíveis, um melhor poderia ter sido escolhido. Se “cegueta” tivesse sido dito por seu melhor amigo, não estaria chateada. Sabe do afeto que este lhe tem. Mas não é este o caso. A página fala para pessoas com as quais os criadores jamais se depararam antes. Julgar que algumas pessoas pudessem sentir-se ofendidas, é coisa muito previsível, por isso, penso que teria sido mais elegante escolher outro nome.

    Certa vez, alguém desculpou-se, pois referindo-se a mim, disse: “Você viu?” Dizia “ver” em sentido figurado. Não é preciso que iniciássemos uma longa discussão anatômica para que se constatasse que não posso ver. Ora, ora, é claro que posso ver, ao menos no que se refere ao modo como o meu interlocutor estava a referir-se.

    No entanto, uma pessoa cega com quem tivera contato, disse-lhe que o termo não era adequado e que alguns sentir-se-iam ofendidos. Se sou pessoa visualmente sã e descubro que, para falar com cegos, é preciso desfazer-me de minha linguagem usual e que, posso inadvertidamente ofender-lhes, então, é bom que permaneça longe porque não lhes faço bem. Estes excessos não podem ter outro resultado senão apartar-nos do convívio sadio.

    “Cegueta” é da família de perneta, zureta, careta... Parece-me que a sensibilidade da língua diz que tal sufixo é pejorativo. , faço esta ressalva, mas ainda assim, concordo com o veto ao “cegueta”. É de mau gosto.

  • Luís Medina comentou a entrada "fórmulas úteis no excel. " à 16 anos 5 meses atrás

    Caro Maike,
    Entremeadas de fórmulas do Excel, pergunta e resposta ficaram em local bastante estranho e pensei que talvez não agradassem à Shirlei. É sempre bom que mantenhamos a coerência dos assuntos, do contrário, a pesquisa no Portal ficará bastante prejudicada. Mas como não vi outro modo de responder-lhe, então, utilizo-me deste espaço ainda que o reconheça inadequado.

    Quando o assunto é redação, desconfie de qualquer resposta simples. Se está às vésperas de um vestibular, então, deseja qualquer coisa de prático que possa ser utilizado imediatamente. Talvez, pudesse dizer-lhe que o Aquecimento Global é um tema possível, que a Crise Financeira Mundial também o é, que há temas permanentemente atuais como a massificação dos meios de comunicação. Contudo, sei que não seria mais do que palpite.

    José Oiticica, em seu célebre Manual de Estilo, elege seis grandes qualidades para o texto seja ele narrativo, descritivo ou dissertativo: correção, clareza, concisão, originalidade, harmonia e vigor.

    1. Correção – É o domínio da forma culta da língua. Argumentos bem alinhados perdem o impacto se a redação está eivada de erros de grafia e sintaxe. Digamos que esta é a qualidade primeira, porém, é insuficiente.

    2. Clareza – O seu texto deve ter um objetivo e a ele deve permanecer fiel do começo ao fim. Não pode ser bem-sucedido um texto que se manifesta a favor da pena de morte, mas que em determinados momentos pareça vacilante. O leitor se perguntará: afinal, você tem uma opinião ou não? Isto não quer dizer que você tenha de ser a favor ou contra a pena de morte em todas as circunstâncias. Se apresentar um motivo justificável para que as exceções existam, isto não será entendido como hesitação, mas simplesmente como produto de um pensamento criterioso que sabe distinguir uma situação de outra. Clareza tem que ver com a facilidade de entendimento de um texto. Evidentemente, um objetivo bem delimitado em muito favorece a clareza, mas não é o seu único elemento. Procure escrever com frases curtas. Períodos muito longos obrigam o leitor a várias releituras e isto prejudica o ritmo e o prazer da leitura.

    3. Concisão – Se você pode utilizar menos palavras, faça-o. Muitas vezes, estudantes procuram alongar as frases para que ocupem maior espaço na página. Infelizmente, esta não é estratégia bem-sucedida. O leitor percebe que está sendo enrolado. Não engane o leitor fazendo parecer que dirá uma coisa e, ao fim, diz outra. Se diz que o Sol abrasava a planície, que os juros estão muito elevados ou que há vida fora da Terra, sem qualquer sombra de dúvida, não pode enunciar tais idéias sem que tenham alguma conseqüência para o texto. Se me diz que o sol abrasava a planície, há que suceder algo nesta planície e há que ser importante o fato de que o dia está a abrasador. O texto deve ser como um jogo de xadrez em que cada movimento suceda ao anterior em perfeita harmonia para o xeque-mate. Esta qualidade muito tem que ver com a anterior. Textos mais concisos tendem a ser mais claros. Mas atenção. Texto conciso não quer dizer texto pequeno. Significa dizer tudo que se deve dizer com o mínimo de palavras possível. Se o mínimo, por alguma razão peculiar, for quatro vezes o tamanho da Bíblia Sagrada, então, estarei inclinado a dizer que tal texto é realmente conciso, embora, inacreditavelmente grande.

    4. Originalidade – Lembro-me de um conto de Machado de Assis, O Apólogo. Uma agulha conversava com uma linha. Dizia-lhe o quanto era inferior, afinal era sempre ela a abrir caminho para que a linha seguisse resignada. Mostrava-lhe quanta atenção mais a costureira dava-lhe. Ao fim, a linha pôde desforrar-se. Pronto o vestido, a agulha foi para a caixa de costura enquanto a linha foi à festa dançar com os mais finos cavalheiros da corte. Este é um bom exemplo de originalidade. O leitor se surpreende. Aqui inaugura-se uma relação nova entre agulha e linha. Mas digo-lhe que a originalidade é coisa ainda mais simples. Há quem escreva as histórias mais comuns do mundo e, ainda assim, emprestem-lhes um sabor inigualável. Encontramos uma expressão original, uma inversão original, um ritmo original, uma relação qualquer entre idéias, fatos ou palavras que não havíamos ainda apreendido. Digo-lhe que não se preocupe muito com a originalidade. Vestibulares não se preocupam muito com ela, visto que o vestibulando ainda está em processo de maturação. Não lhe digo para não se peocupar porque não é tema importante, mas simplesmente porque é mais importante que inicialmente se concentre nas três primeiras qualidades.

    5. Harmonia – O texto ficará cansativo se utilizar somente frases longas ou somente frases curtas. Há que se variar. Entretanto, para o artista da palavra, esta variação pode ser intencional. Pode utilizar frases muito curtas para sugerir agilidade em um trecho de batalha. Pode utilizar metrificação poética para criar efeitos de ritmo. Tudo isto contribui para o aumentar o colorido do texto, mas não creio essencial num texto para o vestigular.

    6. Vigor – Se você for claro e conciso, haverá uma grande probabilidade de que seja também vigoroso. Falta de clareza e concisão contribuem para diluir o impacto do texto numa atmosfera de incerteza. Entretanto, ser vigoroso é mais do que ser claro ou conciso. É deixar evidente a marca do autor. Há que se reconhecer que o autor fala com convicção, que é incisivo. Para convencer alguém é preciso primeiramente estar convencido. Falar de modo frouxo, cheio de receios é o primeiro passo para que a persuasão não se dê.
    7.
    Então, pergunto-lhe: em face de tudo quanto lhe disse, será possível que qualquer dica simples realmente desencadeie em um grande texto? Não, certamente não. Para escrever bem, é preciso ler bons livros com freqüência. Não há outro caminho. A maioria das pessoas não ficará a pensar nas qualidades que José Oiticica mencionou. Simplesmente copiarão o estilo dos mestres e, a partir de certo momento, começarão a desenvolver o próprio estilo. Escreva, escreva muito e, acompanhado de tanta escrita, leia, leia muito. Idéias nascem de outras idéias. Como é possível nascer idéias de um saco vazio?

    Lembre-se que o caminho fácil não é o caminho que nos distingue porque muitos mais o percorrerão com tranqüilidade. Escrever não é simples. Também eu ando a brigar com as palavras. Tenha esta consciência para que jamais se decepcione e para que mantenha firme o desejo de evoluir. Pessoas que escrevem bem, distinguem-se no trabalho e em suas atividades cotidianas. Creio mesmo que é investimento dos mais seguros. Vá em frente. Torço por si no vestibular e na vida.
    Um abraço,
    Luís Medina

  • Luís Medina comentou a entrada "triste, mesmo triste!" à 16 anos 5 meses atrás

    Há uns três anos, levei um tombo extraordinário. Andava por calçadas conhecidas, mas não sabia de obra recente que por lá se fazia. Abria-se a passagem para uma garagem subterrânea e, assim, formava-se degrau com mais de um metro de altura. Durante a semana, alguns cavaletes protegiam qualquer passante desavisado, pois impediam que tal degrau fosse transposto. Contudo, passei num domingo e os cavaletes não estavam por lá. De súbito, o chão desapareceu, larguei a bengala e caí com as mãos espalmadas sobre areia e tijolos. O sangue brotou-me com fartura. Durante mês e meio, senti dores e caminhei com dificuldade.
    Mas hei de ser sincero. Também eu tive minha parcela de culpa. Batia a bengala com a ligeireza de um espadachim. Passadas largas, pulsação acelerada, imprudência sem medida. Para que tanta pressa? Conheci cegos que apreciavam mostrar habilidade e coragem. Cada manobra mais arriscada era o indício de sua superioridade. Não, não pertenço a esta categoria de insensatos. Pertenço a outra: a dos ansiosos. Tenho certa inquietude de espírito que se comunica diretamente aos braços e as pernas. Em casa, na rua e no trabalho: sou assim, agitado por natureza e imprudente por conseqüência. Como não tenho qualquer orgulho deste defeito, tenho sido bastante repressivo com a manifestação desta natureza.

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