Uma biografia de Louis Braille
Por: Marco Branco )surdocego)
Louis Braille nasceu a 4 de janeiro de 1809, numa aldeia francesa de nome Coupvray. Era o filho mais novo de Simon-René e de Monique. A sua família era de lavradores humildes e o seu pai era muito conhecido na região por ser o único arreiro.
Louis teve uma infância normal, mas ficou abruptamente cego aos 3 anos de idade, quando brincava na oficina do pai. Um dos instrumentos de trabalho feriu-o num dos olhos e, como se isso não bastasse, a infecção também afectou o que estava são, levando-o de imediato à cegueira.
Os seus pais temeram pelo seu futuro, porque naquela época os cegos eram muito discriminados, havia nas ruas muitos cegos andrajosos pedindo esmola ou sobrevivendo como músicos ambulantes Simon não queria que o filho fosse alvo da piedade ou da chacota, e, assim, tentou ensinar-lhe as letras do alfabeto, com pedaços de couro. Como Louis era muito inteligente e absorvia tudo com extrema facilidade, foi aceite na escola primária da sua aldeia. Também graças à sua amizade com o pároco local, depressa desenvolveu uma consciência moral profunda.
Um dia, o pai de Louis tomou conhecimento da existência de uma escola para cegos em Paris. Entrou em contacto com ela e o filho foi admitido.
A escola chamava-se Escola Real dos Jovens Cegos e foi a primeira escola da Europa para cegos. Foi fundada por Valentin Haun, um pedagogo de mente esclarecida, que ficara profundamente chocado ao ver uma multidão numa feira a rir e a fazer troça de um grupo de cegos fantoches. Valentin acreditava que os cegos eram ser humanos que podiam ser instruídos tal como os que possuíam vista. Porém, o megalómano Napoleão estava mais interessado em aumentar a sua grandeza do que patrocinar iniciativas como aquela, portanto Valentin teve de fazer sozinho a sua cruzada pela dignidade dos deficientes visuais
A escola para onde o adolescente Louis foi era uma construção triste e pobre, situada junto do Sena, de paredes húmidas e sombrias. As condições de higiene e de conforto eram quase inexistentes E a educação era muito severa, porque os alunos eram castigados pela mais insignificante falha.
Aquela escola iria ser a segunda casa de Louis Braille, passando a maior parte do ano lá. Estava muito longe da sua família, mas sabia que tinha uma missão importante a cumprir.
Ali pôde desenvolver a sua destreza manual, revelando-se muito habilidoso no artesanato. A sua convivência com outros jovens cegos acentuou-lhe o carácter generoso e corajoso. Sabia que tinha de descobrir uma forma de os cegos como ele lerem e escreverem por si mesmos sem dependerem de ninguém.
Até ao momento nenhuma tentativa para alfabetizar os deficientes visuais tinha dado resultado. No entanto, foi o general Charles Barbier, ao serviço de Napoleão, quem inventou um método rudimentar de escrita que serviu de inspiração a Louis. Chamava-se escrita nocturna, que era uma série de pontos e traços em relevo que podiam ser lidos com os dedos e de noite.
Esse método foi acolhido com entusiasmo pelos cegos da escola de Louis, que puderam, pela primeira vez, escrever. Porém, a escrita nocturna tinha muitas limitações e estava longe de ser um alfabeto. Assim, Louis simplificou-o e reduziu-o para uma célula de 6 pontos salientes, com a qual criou o hoje universalmente conhecido Sistema Braille.
A sua paixão pela música, especialmente pelo piano, fê-lo criar os primeiros esboços para a musicografia braille. Trabalhou até ao fim da sua breve vida como professor da mesma escola, sendo distinguido como um dos professores mais brilhantes e próximos dos cegos.
Faleceu em 6 de janeiro de 1852, vítima de tuberculose.
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Comentários
Biografia
Olá, Marco!
Essa síntese ficou muito boa. Gostei bastante e senti-me enriquecido com seu texto.
Parabéns.
Abrahão