Olá outra vez! Como prometido, decidi continuar a minha história, como se de uma princesa se tratasse, pois é exactamente assim que me sinto cada vez que mais um fim-de-semana chega e eu vou a casa e posso ver os meus pais, estar com a minha família e ter mais um pouco de tempo para disfrutar das coisas boas da vida!
Bom, vamos à história:
Durante a minha primeira infância, sempre fui tratada como uma princesa, mas jamais fui metida numa redoma de vidro como tantas pessoas desejavam que os meus pais o fizessem. Comecei a andar com um ano e alguns dias e comecei a falar logo de seguida. Sempre andei de bicicleta como as outras crianças e sempre corri pela casa brincando com o meu irmão mais velho. Os meus pais sempre me ensinaram que, apesar da diferença que existia, eu podia ser tratada e educada como as outras crianças. Tal como todos os outrs, também fui repreendida e castigada, não deixando de o ser apenas por ser cega.
Quando chegou a altura da escola, começaram os maiores problemas. Do isolamento da minha casa e da minha família, que tão bem me tratava, tinha chegado a altura de enfrentar o mundo, contactar com outras crianças e iniciar a minha aprendizagem. No primeiro ano, houve grandes problemas porque as professoras, preconceituosas da aldeia, não me queriam aceitar na escola pública onde os meus pais insistiram em me inscrever. Foi necessário que eu tivesse que provar, mais do que as outras crianças, que merecia estar naquela escola, em contacto com os outros e aprender como as outras crianças da minha idade. Feitos todos os testes possíveis e imaginários, lá fui admitida, mas as dificuldades não terminaram. De facto, mal tinham acabado de começar, porque, a partir do momento em que sou admitida na escola, a verdadeira batalha da minha vida começou. A partir da idade dos 6 anos, tive sempre de batalhar contra a crueldade dos colegas, a indiferença e o analfabetismo dos professores, o desprezo dos pais das outras crianças, etc.
Toda a minha vida tem sido construída de batalhas que me fazem crescer como pessoa, me preparam para a vida, me ensinam a ver como as pessoas realmente são, o que pensam e quais são as suas atitudes e ainda o seu significado.
Num próximo post, continuo a minha história, insidindo mais sobre a minha vida académica, dado que a verdadeira importância da minha vida familiar se notou nesta primeira infância, onde os meus pais e toda a restante família aprenderam a ensinar-me e a confiar nas minhas capacidades, sem sobrevalorizar as minhas dificuldades.
- Partilhe no Facebook
- no Twitter
- 7119 leituras
Comentários
Contato
Olá, Madalena: Estou apreciando sua história, e gostaria de saber se é possível conversarmos por e-mail; abraço, Roque.
resposta
Olá roque, creio que a resposta já a teve quando falámos no msn.
Quero continuar a contactar consigo e com outras pessoas, estarei sempre disposta a ajudar todos os que me pedirem.
Madalena Ribeiro
Era uma vez
Olá Madalena!
Concordo com tudo o que diz.
Apesar de não ser cego tutal no tempo em que fiz a minha vida escolar, também passei muito daquilo que acabou de contar.
É triste que as pessoas que têm algum tipo de deficiência sejam muitas vezes tão mal tratadas.
Mas acho que tudo se deve uma inorme falta de sensibilidade de toda a sociedade que nos rodeia.
Espero que continue com o seu testemunho, pois pode ser quehaja alguns resoltados para quem ainda passa hoje por essas humilhações.
Atentamente.
Sérgio Gonçalves