Diz Alexandre Onil num dos seus mais belos poemas que Há palavras que nos beijam; realmente nesta coisa de ser deficiente existem muitas palavras que nos magoam mas muitas há que são para nós verdadeiros beijos de esperança porque chegam de gente sincera que reconhece em nós muito mais que aquele ser que veio marcado pelo destino para viver agarrado ao jugo de ser diferente e inferior aos seus pares.
São palavras de reconhecimento pela nossa forma de enfrentar a vida ultrapassando não só as barreiras que nos são impostas pela deficiência mas sobretudo as criadas por esta sociedade que ergue em muitos casos a bandeira da inclusão e da igualdade de oportunidades mas que apenas se fica por um mero conjunto de intenções.
Não fora na grande maioria dos casos a determinação de cada um de nós em agarrar a vida pelos cornos sujeitando-nos a rodopiar num infindo turbilhão de preconceitos, portas fechadas pelos cadeados da falta de uma efectiva vontade de nos conhecer de perto baseando a sua observação numa distância quase intransponível, e muitos de nós estaríamos em situação muito diferente da que hoje vivemos em termos de integração social.
Por isso, há palavras que nos beijam; são aquelas que reconhecem o nosso papel nesta sociedade, que nos conferem direitos mas também deveres, são palavras que ao em vez de nos envaidecerem, nos responsabilizam não só em prosseguir a luta pela nossa integração em particular mas também por abraçar a causa da inclusão de todos os deficientes em geral.
São palavras que não sendo de mera circunstância não só massajam o nosso ego mas impelem cada um de nós a erguer por si mesmo a voz para dizer que ser deficiente pode ser para muitos que não o são uma verdadeira lição de vida.
- Partilhe no Facebook
- no Twitter
- 6743 leituras
Comentários
Concordo!
Não sou portadora de deficiência... mas concordo no sentido que ser deficiente não é o fim do mundo... é uma diferença, uma limitação... e digo mais: a verdadeira deficiência é a daqueles que a impõem nos outros... esses sim, deficientes ou não, são-o!
Penso que devemos tratar os deficientes não com pena, não com misericórdia nem com palavras "suaves" de mais!! Devemos sim ajudá-los no que precisarem como farámos a outro amigo qualquer e estar á disponibilidade deles para o que precisarem... sendo nossos amigos ou estranhos que estão na rua e ninguém parou para ajudar!!!
A palavra de ordem, na minha opinião, é Entreajuda... nada mais!!
Paty*