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Verdadeiro Olhar - blog de Sérgio Gonçalves

Infantilização é empecilho ao desenvolvimento sexual de pessoas com deficiência

por Sérgio Gonçalves

Infantilização é empecilho ao desenvolvimento sexual de pessoas com deficiência
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, 24,6 milhões de pessoas tem deficiência

A infantilização das pessoas com deficiência é uma das causas que impedem o desenvolvimento da sua sexualidade. A idéia foi defendida hoje (23) durante o 1º Seminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais e Reprodutivos e Pessoas com Deficiência. O encontro, promovido pelo Ministério da Saúde, busca fortalecer o debate e as ações voltadas para a saúde e o bem-estar das pessoas com deficiência.

Para a jornalista Leandra Migotto, que tem Osteogenesis imperfecta, ou Síndrome dos Ossos de Cristal, como é popularmente conhecida, a infantilização das pessoas com deficiência pode aumentar a vulnerabilidade e impedir o desenvolvimento sexual.

“A partir do momento que a pessoa com deficiência é considerada ainda uma criança, a gente acha que ela, como criança, não desenvolve a sexualidade. Esse é o maior problema”, afirmou.

De acordo com a professora da Universidade Federal da Paraíba e fundadora da organização não-governamental Educação para Todos, Windyz Ferreira, a sociedade infantiliza, despersonaliza e rotula as pessoas com deficiência.

Para a professora Windyz,a sexualidade tem uma relação direta com o desenvolvimento e o crescimento humanos. Ela explica que as próprias pessoas com deficiência se preocupam tanto com as patologias que acabam não desenvolvendo a sexualidade e acabam se vendo como pessoas "assexuadas"
Segundo ela, a sexualidade tem uma relação direta com o desenvolvimento e o crescimento humano. “Nós precisamos trabalhar esses âmbitos com uma diferenciação . Nós estamos buscando caminhos para que a sociedade seja o menos excludente possível", disse.

Durante o evento, a professora criticou a escassez de estudos sobre a questão da deficiência. Para ela, há falta de dados concretos para servir de base às políticas públicas.

“A falta de estudo é muito séria. Políticas públicas não podem ser construídas a partir de um grupo de pessoas, isso não é gestão democrática”, disse.

Na opinião da professora, outro fator preocupante no país é que a maioria dos deficientes não tem acesso à educação, o que acaba perpetuando a invisibilidade.

“A educação é o primeiro momento da vida da pessoa com deficiência, aquele em que ela sai da família e se insere no contexto social” argumentou.

De acordo com Windyz, nos países desenvolvidos as pessoas com deficiência recebem todo tipo de tratamento, reabilitação e acesso a serviços, enquanto nos países menos desenvolvidos, como o Brasil, elas são isoladas, trancafiadas e escondidas.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, 24,6 milhões de pessoas tem deficiência.
Agência Brasil

Sérgio Gonçalves
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Comentários

Tenho-me debatido pelo estudo da questão da deficiência e sexualidade, nomeadamente pela questão da deficiência e homossexualidade. No entanto, parece não existir qualquer estudo acerca do assunto. Soube há pouco da realização de um congresso recente sobre sexualidade e deficiência em que mais uma vez a questão da homossexualidade não foi tratada. No entanto, não é por falta de deficientes homossexuais que isso acontece. Tenho sido por diversas vezes contactado por pessoas portadoras de deficiência que visitam o meu blog e que me solicitam ajuda por se sentirem completamente desamparados nesse aspecto.
Isso acontece também como resultado do próprio preconceito de professores, psicólogos, e estudiosos da deficiência, que não estão preparados para a questão da sexualidade e para quem as variantes sexuais nos deficientes simplesmente não existem.

Sérgio GonçalvesViva, mas será que a questão da homossexoalidade, e concretamente o mundo obescuro em que está mergulhada acontece apenas com os deficientes?
Parece-me que por aquilo que oiço, é um problema geral.

Sérgio Gonçalves

A obscuridade em que se encontra mergulhada a homossexualidade não afecta apenas os deficientes. ~Mas, como em tudo o que diz respeito à sexualidade, os deficientes estão muito mais limitados do que os ditos normais, principalmente os deficientes dependentes.
Uma pessoa homossexual sem deficiência pode mais facilmente entrar em contacto com uma associação como a ILGA, a Opus Gay, a Exa équo, sair da sua casa, dirigir-se lá, contactar com várias pessoas na mesma situação. Agora imagina a situação de um cego como foi o meu caso, vivia num meio pequeno, há 15 anos não tinha internet, não conhecia ninguém que me pudesse ajudar, não sabia a quem recorrer, não tinha acesso ao contacto de uma associação ou grupo de apoio. Não podia falar com ninguém à minha volta sobre o assunto e quando o tentava fazer era criticado... Claro que muitas outras situações podem afectar os não deficientes, Mas se é duro ser heterossexual num mundo em que o deficiente é visto como assexuado, muito mais difícil é ser homossexual. E agora até não é tão difícil ser-se homossexual. Virou moda assumir. Não que hajam mais homossexuais agora do que no século passado, mas sim porque as pessoas começam a perder a hipocrisia. Além disso, existem por aí alguns que, mesmo não sendo homossexuais, se comportam como bichas porque agora virou moda ser gay.
Conheço pelo menos 8 cegos portugueses homossexuais, nenhum deles assumidos, um vive na superprotecção dos papás que nem sabem nem sonham com a orientação sexual do filho, outro está casado e vive mais ou menos infeliz porque diz constantemente que não é exactamente o que queria... De salientar que não conheço nenhum deles pessoalmente.
Na realidade, a internet nesse sentido tem sido de grande ajuda para os portadores de deficiência, nomeadamente deficientes visuais. Mas, quando se vai a um congresso sobre sexualidade sempre há um lugarzinho para se falar de homossexualidade. No entanto, se formos a um congresso sobre sexualidade na deficiência, o tema nem sequer é abordado.
Se procurarem no meu blog, vão encontrar artigos sobre homossexualidade, outros sobre deficiência, no entanto, sobre os dois temas em conjunto não enccontram nenhum artigo senão este. Tenho muita satisfação de ter participado nesta tertúlia, mas nada mais houve de relevante depois disso. Em Braga, a associação Exa Equo realizou tb uma reunião abordando esta temática, os únicos deficientes presentes éramos eu e o Ricardo, além de alguns amigos heterossexuais que convidei e que quiseram tb participar.
Tadeu