Está aqui

blog do Diego Corrêa - blog de diego corrêa

Cabide-visão: Mais autonomia para as pessoas deficientes visuais

por diego corrêa

*** FAPERJ – 17-1-13*

*Cabide-visão: mais autonomia para deficientes visuais*

*Danielle Kiffer*

* *

"Bom dia, eu sou seu cabide e você pegou um terno de linho branco,
ideal para o verão." A mensagem foi gravada durante os testes de um produto
que pode passar a integrar o cotidiano dos deficientes visuais: o
cabide-visão. A ideia, das mais simples, partiu das irmãs Adriana e
Cristina Sêmola, da empresa Santa Mônica, especializada na confecção de
cabides artesanais e personalizados. Hoje, quem está à frente da
administração da empresa é Adriana, que, para desenvolver o projeto, contou
com recursos do edital de *Apoio ao Desenvolvimento do Design em Empresas
Sediadas no Rio de Janeiro*, da FAPERJ, em parceria com a Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RJ).

Mas quem imaginaria que um mero cabide é capaz de influenciar a rotina de
pessoas com problemas de visão? Pois o cabide falante, que grava mensagens
de 20 segundos e a reproduz ao apertar de um botão, é uma daquelas ideias
absolutamente simples, mas que podem facilitar, e muito, o cotidiano de
pessoas com necessidades especiais. Voltado para deficientes visuais, para
pessoas que, pelo avançar da idade ou que, por outras circunstâncias,
tiveram a visão reduzida, o cabide-visão serve para que se possa organizar
as roupas, mesmo sem enxergar. "Assim, sabe-se o que está vestindo, não se
fica dependendo de outra pessoa para isso e pode-se exercer o direito ou o
prazer de escolher, com autonomia, que roupa irá usar", explica Adriana.

Unindo *design* e tecnologia, o protótipo do cabide foi criado
especialmente pelo designer Augusto Casari, que o planejou em resina nas
pontas e com madeira reciclada na área do gancho. "Ele foi elaborado de
forma anatômica, para facilitar o manuseio por parte dos deficientes
visuais", explica Adriana. A parte tecnológica consiste em um *chip*, onde
as mensagens ficam gravadas, oculto por um botão, que aciona a gravação e
permite que as mensagens sejam ouvidas. "Estamos procurando empresas ou
pesquisadores que produzam esse *chip*. O que usamos é importado da China,
o que não é o ideal. Queremos produzir um produto 100% brasileiro", diz
Adriana.

Apesar da simplicidade, para os deficientes visuais, não se trata de um
produto qualquer. "Quando levamos o protótipo do cabide-visão à Associação
Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual (Laramara), em São Paulo,
queríamos testar a aceitação do produto. Como resposta, vimos que o pessoal
que é atendido ali chegou a se emocionar, nos fez sugestões, nos fazendo
perceber o quanto cada pequeno gesto de autonomia é importante. Isso nos
fez perceber o valor do projeto. Para quem não enxerga, vestir roupas com a
combinação adequada é, no mínimo, uma tarefa complexa", explica.

A receptividade dos deficientes visuais do Laramara foi um indicador de que
Adriana e equipe estão no caminho correto. "Tínhamos pensado em gravar
mensagens mais objetivas nos cabides, mas a reação dos futuros usuários foi
de pensar em recados mais informais, com mais humor. Eles realmente se
apropriaram do objeto, nos fazendo sentir ainda mais incentivados. Sabemos
que estamos desenvolvendo um projeto que realmente fará a diferença na
rotina dessas pessoas."

O protótipo do cabide está em fase de finalização pela equipe da empresa.
Em abril, Adriana levará o cabide a uma feira do setor para avaliar sua
receptividade no mercado e, de acordo com essa aceitação, também calcular
o preço. "Queremos um produto que seja acessível a qualquer deficiente
visual, não apenas aos de maior poder aquisitivo", afirma a empresária. Por
outro lado, 200 unidades do primeiro lote do produto serão distribuídas
entre instituições de atendimento a deficientes visuais, como a própria
Laramara, de São Paulo, e o Instituto Benjamin Constant, do Rio de Janeiro.

"Depois, passaremos a produzir comercialmente. Afinal, os grandes eventos
esportivos que serão disputados no Rio de Janeiro, entre eles as Olimpíadas
Paralímpicas, estão chegando e, com certeza, o nosso cabide despertará
grande interesse. Pelo menos, é o que esperamos."

* *FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro *
Av. Erasmo Braga, 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ

Cep: 20.020-000

Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Comentários

Maravilhoso! fantástico! Impressionante inovação!
Mas se o terno preto é colocado no cabide do terno branco, será que o cabide reconhece a cor?
É de aplaudir o interesse na investigação e todos os pequenos passos que se dão no sentido de melhorar a vida das pessoas com deficiência visual, principalmente daquelas que não podem comprar Smart Phones que já fazem este tipo de tarefas e muitas outras, mas, caros desenvolvedores, por favor façam pesquisas antes de lançar produtos como este.
Os investigadores até têm desculpa de não estarem devidamente informados, mas será que os responsáveis da Laramara não têm conhecimento da existência de tecnologias como o Touch Memo? Pelo menos, se a pessoa com deficiência visual tiver que depender de alguém, só depende uma vez para coser a etiqueta na peça de roupa.

Cumprimentos,
NSousa

Meu caro Norberto, acredito que isso dependerá da boa vontade da pessoa que for colocar a roupa no cabide para regravar uma outra cor se for o caso. Se a pessoa que lavar as roupas também for deficiente visual, terá que ter atenção e colocar a roupa que lavou no mesmo local! Quanto ao desenvolvimento de novas tecnologias, concordo com você. Os desenvolvedores deveriam fazer uma pesquisa para ver se não ha tecnologias iguais no mercado e pesquisar também a aceitação e a necessidades dos deficientes. Uma outra coisa que vejo, é que muitos fazem protótipos, mas aquilo não vai ao mercado, seja porque os deficientes não aprovaram a utilização, seja por ser apenas trabalho escolar que não vai para frente! Um abraço!