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Revolução na diabetes

por Lerparaver

Pastilhas, inaladores, bombas de insulina e dispositivos que se assemelham a um pâncreas artificial. Para milhões de pacientes, é o adeus às agulhas

O CONTROLO diário do nível de açúcar no sangue é uma das rotinas que pode ser ultrapassada

Os especialistas dizem que será a próxima catástrofe sanitária e que evoluirá mais depressa que qualquer outra. Há 230 milhões de afectados (seis por cento da população mundial), mas estima-se que serão 350 milhões em menos de duas décadas.

Só na Europa há mais de 25 milhões, aproximadamente meio milhão dos quais em Portugal. As consequências são trágicas: é uma das principais causas de morte prematura no Mundo, responsável por um milhão de amputados todos os anos, cinco por cento dos casos de cegueira, e é a principal causa de falência renal nos países desenvolvidos.

Mais do que impor respeito, os números da diabetes fazem soar o alarme e exigem respostas inovadoras para a doença. A boa notícia é que 80 por cento dos novos casos podem prevenir-se com dieta e exercício. Mas para quem depende de uma dose diária de insulina, a hormona pancreática cujo défice é a causa da enfermidade, a grande esperança são os tratamentos que prometem livrar os pacientes das agulhas.

O mais recente congresso da Associação Americana de Diabetes apresentou algumas das terapias que prometem tornar mais fácil a vida dos diabéticos, incluindo antidiabéticos orais e inaladores de insulina. Os dados apresentados mostraram que a insulina inalável, sendo mais fácil de usar, mantém os mesmos níveis de açúcar no sangue que a injectável, produz um menor aumento de peso e os efeitos parecem permanecer a longo prazo. O principal inconveniente é o preço elevado - que pode chegar aos quatro, cinco euros por dia -, muito superior ao da insulina injectável. O ideal seria a existência de um produto oral, mas até hoje os intentos fracassaram, porque o estômago destrói a insulina.

Outro dos incómodos que os diabéticos têm de enfrentar, o controlo diário do nível de açúcar no sangue, pode já ser ultrapassado com recurso a uma bomba que vai administrando a insulina ao longo das 24 horas do dia. O aparelho recorre a um fino cateter e a uma diminuta agulha inserida no abdómen para ir libertando o produto. Mas também aqui o preço pode ser desencorajador: o custo mensal do tratamento é cinco a 10 vezes superior às tradicionais injecções.

A grande expectativa é agora a concretização de um pâncreas artificial, uma espécie de «pacemaker» implantado que controlasse em tempo real os níveis de açúcar e ajustasse as doses de insulina, libertando-a automaticamente.

Fonte: Semanário Expresso de 23/09/2006