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Peça de teatro promove a inclusão de invisuais

por Lerparaver

Crianças da freguesia de Aveleda foram as primeiras a poder ver "Ratinha vaidosa", representada pelos cegos e amblíopes do concelho

Pedro Antunes Pereira

Rata Pimpinha e o Rato Pimpão são os protagonistas principais. Mas o galo, o cão, o gato ou o touro também têm um papel importante, sobretudo, porque todos querem casar com a "Ratinha Vaidosa". Acaba por vencer o amor... Fica por aqui esta estória, até porque os segredos querem-se bem guardados.

"Ratinha vaidosa" foi a peça que o grupo de teatro amador da Associação dos Cegos e Amblíopes (ACAPO), de Braga, criou, baseando-se na clássica "Carochinha" e que, ontem, pela primeira vez foi apresentada, na Junta de Freguesia de Aveleda, Braga, a um público que não o da Associação.

"Esta é uma produção própria da ACAPO com o objectivo de dignificar, junto da sociedade, os deficientes visuais e promover a sua inclusão", começa por referir Cristina Ferreira, a actriz principal e a responsável pelo grupo. "Fizemos a adaptação do texto, tendo sempre em atenção a inclusão do maior número de personagens. Queremos, com isto, apresentar também as formas pessoais de representação de cada um dos actores".

O trabalho do grupo de teatro começa pela construção do texto, depois passa pela memorização e acaba com o ensaio de todos juntos "para esta peça tivemos quatro ensaios, fundamentalmente para fazer as marcações no palco".

Com mais dois espectáculos já agendados, no dia 7 de Janeiro em Serzedelo (Guimarães) e no dia 13 do mesmo mês em Palmeira (Braga), Cristina Ferreira reconhece que a principal dificuldade em levar os espectáculos às freguesias, "é mesmo o reconhecimento dos palcos". "Isso obriga-nos a fazer este reconhecimento no dia anterior à representação porque de resto, a nossa orientação é apurada".

No final da actuação, e apesar dos adultos presentes não terem respeitado as crianças que entusiasmadas queriam ver a peça, as opiniões eram unânimes "gostei muito mesmo, nem pareciam cegos", dizia a pequena Raquel, logo secundada pela amiga Mariana: "eles pareciam actores verdadeiros e depois eram muito vivos, com a música a ajudar".

E porque Natal sem prendas não é Natal, foram distribuídas algumas guloseimas e balões e pintadas as caras ao gosto do freguês. Tudo animado pelo Filipe Azevedo e pela Ana Isabel Carvalho, sócios da ACAPO.

Capuchinho Vermelho

Tudo começou nas festas de Natal que a Associação de Cegos e Amblíopes de Braga (ACAPO) promove todos os anos. A ideia de fazer teatro, era uma velha ambição de alguns elementos da entidade que se tornou uma realidade, no ano passado, quando o "lobo mau" e o "Capuchinho Vermelho" foram representados pelos invisuais. O sucesso foi tanto que logo se levantaram vozes, a exigir a sua representação junto da comunidade.

Quatro ensaios depois e 14 associados envolvidos, surge "Ratinha vaidosa", uma criação própria, que a ACAPO quer levar às freguesias do distrito. "Basta contactar-nos. Não levamos dinheiro e as nossas condições não são difíceis de satisfazer", diz, entre risos, a principal dinamizadora do grupo de teatro, Cristina Ferreira.

Fonte: Jornal de Notícias de 18 de Dezembro de 2006.

Comentários

Que legal isso prova mais uma vez que nós deficientes visuais temos potencial, uma das coisas que mais adoro inclusive atuar é teatro, você expressa seus sentimentos com a alma, no momento que está interpretando, você entra no personagem, vive o personagem, é algo muito interessante mesmo, além de ser muito saudável para o estresse, um ótimo lazer.

Olá, eu gostava de falar com o porta-voz deste teatro. Se tudo correr bem, eu e a AE da minha faculdade, queremos convidarvos a fazer um espectáculo na minha faculdade. Eu também sou cega desde os 15 anos, mas apoio a inclusão de todos.
Contactem-me para o mail sitado acima. mail: alanarocha@sapo.pt, Saudações Ana (e se alguém tocar ou cantar também queremos contactos).