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Implante de retina artificial é solução promissora para cegos

por Lerparaver

Por Julie Steenhuysen

SAN FRANCISCO, Estados Unidos (Reuters) - Um pequeno implante elétrico que pode ser fixado na retina será capaz de restaurar parcialmente a visão de pacientes que se tornaram cegos devido a problemas causados pela degeneração associada ao envelhecimento, anunciaram pesquisadores norte-americanos.

O aparelho, que ainda está em estágio inicial de testes clínicos, é parte de uma nova família de próteses ditas "inteligentes", que se conectam ao cérebro e ao sistema nervoso para restaurar funções perdidas devido a ferimentos ou doenças, disseram pesquisadores a jornalistas durante a reunião anual da Associação Americana para Avanço da Ciência, em San Francisco.

Equipamentos semelhantes de estímulo elétricos, conhecidos como implantes cocleares, foram usados no tratamento da surdez, e cientistas estão desenvolvendo novas soluções que restauram o controle da bexiga e os movimentos de pacientes que tenham sofrido danos em suas medulas espinhais.

A retina artificial foi projetada para assumir o lugar das células fotorreceptoras no cérebro cuja função é capturar e processar a luz.

"Antecipamos que essa tecnologia ajudará pacientes cegos que perderam a visão em função da degeneração óptica", disse o doutor Mark Humayun, professor de Oftalmologia na Universidade de Southern California.

A degeneração óptica causada pela idade é a principal causa de cegueira nos adultos mais idosos dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos, afetando entre 25 milhões e 30 milhões de pessoas.

Humayun e seus colegas formaram uma parceria com a Second Sight Medical Products, uma empresa privada, para desenvolver o implante, que acaba de ser aprovado para testes clínicos pelas autoridades regulatórias norte-americanas.

Uma versão inicial do aparelho, implantada em seis pacientes, se saiu muito melhor do que os criadores esperavam, permitindo que pessoas cegas há anos voltassem a distinguir entre objetos simples como pratos, copos e talheres.

O aparelho consiste de uma pequena câmera montada em um par de óculos, que transmite informações para o implante, afixado à parte externa do globo ocular e com um cabo conduzindo à retina, na traseira do olho. Os pacientes usam um transmissor menor que um celular em seus cintos. O transmissor realiza as tarefas de processamento e mantém o aparelho abastecido de energia.

Humayun, que ajudou a implantar o dispositivo nos primeiros seis pacientes, afirmou que o melhor que ele esperava em um teste inicial era que eles conseguissem distinguir entre claro e escuro e ver algumas zonas de cinza.

"Ele (dispositivo) trabalha realmente com a capacidade do cérebro de preencher muitas informações", disse o cientista.

O implante inicial consistia de 16 eletrodos ou pixels. A nova versão tem cerca de 60 eletrodos e tem cerca de um quarto do tamanho original de meia polegada.

A retina artificial é projetada para funcionar com uma criação de uma nova rota para as imagens chegarem ao cérebro. Testes com 50 a 75 pacientes serão realizados em cinco centros dos Estados Unidos que serão acompanhados por um a dois anos.

Se a técnica se provar eficaz em uma série de testes clínicos, Humayun disse que a retina artificial poderá estar disponível no mercado norte-americano dentro de dois anos.

Fonte: http://br.today.reuters.com