Bruno Miranda/Folha Imagem
Valdemir Corrêa, que é deficiente visual, e a prancha adaptada, na praia de José Menino
Mariana Campos da Agência Folha, em Santos
Ao ouvir a onda quebrar na arrebentação, o surfista Valdemir Corrêa, 37, conhecido como Val, se prepara. Pelo som, percebe a aproximação da onda e rema. Salta sobre a prancha, mantém o equilíbrio e desliza sobre a água.
Cego desde os 24 anos, Val surfa há dez em Santos (85 km de SP) e motivou a criação de uma prancha específica para deficientes visuais.Desenvolvida pelo coordenador da Escola Radical de Surfe de Santos, Francisco Araña, a prancha tem marcações em alto relevo indicando o centro e o limite das bordas, além de um marcador de posição corporal para facilitar o equilíbrio.
A prancha tem 2,76 metros de comprimento -é um longboard de uma quilha (pequeno leme). Feita com o mesmo material emborrachado usado em bodyboards, tem as extremidades macias e a quilha emborrachada, para evitar contusões, além de dois guizos nas pontas, para orientação sonora. "É a primeira prancha adaptada no mundo", afirmou Araña.
Para Val, ela vai ajudá-lo a "potencializar" suas habilidades. Quando começou as aulas de surfe, ele entrava no mar com um professor. Hoje, vai sozinho e se orienta pela audição, pela direção das ondas e pelo sol.
"As pessoas sempre me medem pelo quanto eu enxergo. O surfe começou a me dar respeito e dignidade", disse Val, que cursa o ensino médio, faz natação e pretende se formar em educação física.
O professor de educação física para deficientes físicos da Unesp de Presidente Prudente (SP), Paulo Roberto Brancatti, disse que esportes adaptados dão independência ao deficiente visual.
A escola usará a prancha com todos os interessados.
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