44 anos, um mês e um dia depois, chegou o dia de podermos votar autonomamente pela primeira vez, graças a uma matriz em Braille. Estou perante um misto de emoções. Uma alegria enorme por este grande avanço, mas por outro lado a mágoa partilhada com muitos outros companheiros, eleitores que apesar de serem cidadãos conscientes e esclarecidos, vão continuar a precisar da ajuda para traduzirem no voto a sua vontade.
Lembro-me dos paraplégicos, pessoas com problemas de motricidade fina, tanta gente que veria o seu problema resolvido com o voto electrónico, o único que pode ser verdadeiramente inclusivo, e que nos iria beneficiar a todos sem excepção. Com este avanço espero que não matemos para muitos anos esta luta que está por fazer e ganhar.
Mas a minha experiência propriamente dita foi muito positiva.
Tive uma primeira surpresa muito agradável ao chegar à minha secção de voto, quando me disseram que a folha explicativa impressa em Braille estava afixada na parede. Uma boa prática que se saúda.
Fiquei também surpreendido pelo facto de aparentemente existir uma matriz de voto em cada mesa. Julguei que haveria uma ou duas por cada secção.
A matriz está muito bem concebida. O Braille está muito bem legível, os quadrados notam-se perfeitamente com o tato, e mesmo as pessoas cegas que não sabem ou não conseguem ler Braille podem votar autonomamente. Basta que previamente consultem o boletim de voto que está disponível na Internet, fixem a ordem que o partido em quem querem votar ocupa no boletim de voto, e depois na matriz basta contar os quadrados de cima para baixo, para saberem onde têm de fazer a cruz.
Espero sinceramente que nunca mais tenha de pedir ajuda para votar. O desafio é hercúleo, sobre tudo nas eleições autárquicas, onde existem milhares de boletins de voto diferentes, e onde, por serem eleições de proximidade, é mesmo imprescindível garantir o sigilo do voto.
para quem quiser conhecer mais detalhadamente este processo, pode obter todas as informações no site da acapo.
http://www.acapo.pt
- Partilhe no Facebook
- no Twitter
- 2474 leituras