Texto que escrevi para a edição de 02 de Fevereiro de 2019 do Jornal Correio do Minho a propósito do suplemento Cmcidades.
Um dos conceitos mais extraordinários que a tecnologia nos tem oferecido é o desenho inclusivo, e a ideia aceite por cada vez mais gente que a acessibilidade não é para nichos.
Um dos exemplos que melhor demonstra esta realidade são os transportes públicos, que se estiverem preparados para acolher pessoas com diferentes limitações físicas e sensoriais, vão contribuir para melhorarem a imagem, a percepção, e consequentemente o grau de satisfação de todos os clientes, que vão beneficiar directamente com estas ferramentas.
Na paragem do autocarro, uma pessoa cega, com baixa visão, ou que por qualquer motivo não consiga ler normalmente, precisa de informação áudio para saber o número e o destino da viatura que está a chegar, e uma vez lá dentro precisa que o mesmo sistema de voz informe qual é a próxima paragem.
Complementando essa informação áudio, podemos ter as aplicações móveis a notificarem o cliente quando o autocarro estiver a chegar à paragem, bem como quando estiver próximo do destino pretendido.
Infelizmente, e cingindo-nos à realidade de Braga, ainda não se encontra satisfeita esta necessidade básica, que faz com que as pessoas cegas e com baixa visão dependam muito da boa vontade dos motoristas para utilizarem autonomamente os transportes, e mesmo assim existem períodos do dia, designadamente à noite, em que é realmente muito difícil utilizar o autocarro.
Repare-se que numa altura em que estamos todos tão apostados em promover o turismo, temos aqui um conjunto de melhorias que iriam aumentar muito o grau de satisfação daqueles que não conhecem a cidade, que juntamente com os outros clientes poderiam usar os autocarros de forma muito mais tranquila, sem necessidade de despenderem de tanta atenção durante a viagem. Para além disto, como os passageiros estariam melhor informados, reduzir-se-ia o tempo que os motoristas gastam a responder às suas perguntas.
Por outro lado, quando uma viatura está preparada para acolher pessoas que utilizam cadeiras de rodas, os restantes clientes vão entrar e sair mais facilmente, diminuindo drasticamente a possibilidade de acidentes e quedas.
Para uma pessoa cega é difícil identificar sem ajuda de terceiros as paragens que estão sinalizadas através de um poste colocado em sima do passeio, pelo que a solução passaria por colocar um piso táctil a toda a largura do respectivo passeio que assim encaminhe a pessoa até à paragem.
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Comentários
Nem todos os transportes são inclusivos
Em muitos sítios em Lisboa já existe o piso táctil a indicar as paragens.
Mas também acontece que os autocarros têm o sistema de voz mas estão desligados.