Está aqui

Saques em braille

por Sidarta

Projeto de Euclides Buzetto (PT) prevê instalação de caixas eletrônicos para deficientes visuais

LUCIANA CARNEVALE

Para a grande maioria dos piracicabanos, ir ao banco pagar contas, sacar o pagamento ou abrir uma conta são procedimentos considerados simples, sem segredos.

Aos 24 anos, o estudante de Psicologia, Vinícius Pereira do Nascimento, enfrenta um ritual todos os meses. Deficiente visual desde a infância, Vinícius, que coordena o Movimento Estadual dos Cegos, só pode concluir as operações comuns para muitos quando está acompanhado de um funcionário da agência bancária que freqüenta. Aos finais de semana e feriados, a visita ao banco se transforma num drama.

Sem atendentes por perto, ele e outros 50 piracicabanos que não enxergam e têm conta corrente e poupança em outros bancos dependem diretamente de amigos ou parentes para digitar as respectivas senhas e completar o que poderia ser feito com privacidade. A solução para tanta dificuldade tramita na Câmara desde agosto deste ano. Protocolado pelo vereador Euclides Buzetto (PT), o projeto de lei trata sobre a disponibilização de caixas eletrônicos formatados em braille e num sistema especial de áudio. de acordo com a propositura, haveria pelo menos um caixa em cada um dos 40 pontos de atendimento bancário em Piracicaba.

Embora aprovada pelos deficientes visuais, a matéria não passou pelo crivo da comissão de Justiça. O parecer contrário, que será votado na quinta-feira (30), argumenta que apenas o prefeito pode propor a iniciativa. Não caberia à Câmara legislar sobre o tema, mas Buzetto promete defender o projeto e articular a derrubada do parecer. Se isso acontecer, o projeto segue tramitando. Para juristas consultados pela Gazeta, a idéia é boa e apresenta um importante aspecto social, mas precisa ser reformulada sob o risco de não virar lei por vícios de inconstitucionalidade.

O parlamentar contesta quaisquer supostas irregularidades. “Cidadãos de bem, que trabalham, pagam impostos e contribuem para o crescimento do nosso País precisam ser valorizados e ter acesso fácil à informação e à comunicação”, frisa. Durante a sessão, Vinícius e a professora-doutora de Psicologia, Leila Maria do Amaral Campos Almeida, mestre em Educação Especial, devem ocupar a tribuna da Câmara. A professora vai lembrar aos vereadores que ‘a única forma de os deficientes terem uma vida semelhante à das pessoas consideradas normais é que o ambiente deles seja o mais parecido possível com o dos demais’.

Diálogo

Na opinião do presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região, José Antônio Fernandes Paiva, a saída para evitar o desgaste da votação do parecer contrário é o diálogo prévio. Paiva sugere que Buzetto adie a votação do projeto e marque uma audiência pública com representantes dos bancos, Ministério do Trabalho, Sindicato e outros órgãos, para garantir o diálogo. “É preciso sensibilizar antes para que a proposta passe sem traumas”, explica.

Comentários

Aqui no Bradesco onde trabalho, já tem um caixa acessível onde eu coloco um fone de ouvido e tudo é falado para mim eu acho ótimo te mais essa independência porque antes quando precisava tirar dinheiro, tinha que pedir auxílio para algum funcionário que trabalhasse comigo, eles até auxiliam mas tem que ser na hora que eles querem, e isso é muito chato.

Lamentavel a reprovação da comissão de Justiça. Se a proposta requer alterações que sejam sugeridas e feitas, mas o acesso aos serviços de caixa eletronico não podem ser negados aos portadores de deficiência visual.