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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

RESISTÊNCIA SOLITÁRIA: Questão Indígena na Áudio-descrição no 14 Número da Revista Brasileira de Tradução Visual

por Francisco Lima

Prezados,

Neste mês em que a questão indígena merece um pouco mais de atenção por parte das chamadas autoridades, em nosso país, quando essa atenção deveria ser contínua, a RBTV aproveita para contribuir com a denúncia sobre o descaso e desmandos para com essa parcela dos habitantes de Vera Cruz.
Leia um pouco desse tema abaixo e, na íntegra, na página da Revista em: www.rbtv.associadosdainclusao.com.br

Usuários de leitores de tela podem usar o atalho ALT L para chegar à capa e ler a Revista Brasileira de Tradução Visual.
Cordialmente,
Francisco Lima

RESISTÊNCIA SOLITÁRIA

Rosângela A. Ferreira Lima

Notas Proêmias

A presente imagem áudio-descrita foi retirada da tese de doutoramento em Linguística (Dando a palavra aos guatós: alguns aspectos sociolingüísticos), defendida em 2002, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, por Rosângela A. F. Lima.
“Dando a palavra aos guatós” entrevistou alguns dos últimos membros do povo guató que ainda falavam a língua nativa, sem a intervenção do homem branco.
A foto áudio-descrita é do Sr. Veridiano, índio guató que morava só e que à época da entrevista já contava com pouco mais de oitenta anos.
A áudio-descrição mostra o índio sentado em um banco de madeira, próximo à casa dele, uma construção de pau e barro.
Foi aí, no Morro do Caracará, no Parque Nacional do Pantanal, no Mato Grosso, que o encontramos em 2001.

“Um Guató ainda tenta resistir sozinho ao domínio do homem branco: Seu Veridiano. Um senhor de mais de oitenta anos mora no morro Caracará, em um casebre que mal o protege das chuvas, enfrentando a fome, as interpéries e as doenças próprias de sua idade. Tem como único companheiro um cachorro (que só atende quando é chamado em Guató). Declara que não tem intenção de se juntar aos outros Guatós na Ilha, pois “índio mora assim mesmo, sozinho”. (Lima, R. A. F, 2002)

Na foto áudio-descrita encontraremos o índio Veridiano, da tribo dos canoeiros do pantanal, vestido com roupas do homem branco, uma vez que os guatós não mais se vestem aos moldes de seus ancestrais.

“... ele não está imune à influência nefasta do homem branco, pois os turistas, sempre que passam, deixam-lhe, ao invés de alimentos e roupas, muita bebida alcoólica e muita sujeira, decorrente de restos de churrascos, garrafas e latas de bebidas.” (Lima, R. A. F, 2002)

Sobre o povo guató, a autora afirma que:

As primeiras notícias sobre a tribo Guató vieram de viajantes espanhóis (Azra, Florence, etc) que percorreram o Alto Paraguai, buscando um caminho para o Peru. Alvar Nuñez Cabeza de Vaca (1984) cita os índios guataes em duas passagens de sua expedição em busca de ouro e prata, no século XVI. Desde então, os Guatós são mencionados como tribo pacífica, arredia e pouco numerosa, ligados entre si através de forte laço de cultura, do sangue e da língua.(...)
(...) Do que observamos e confirmamos durante as entrevistas, os Guatós hoje estão ainda mais afastados de sua cultura e língua. Há, entretanto, uma vontade muito forte em reativar seu artesanato e sua língua, até pela própria necessidade de sobrevivência do grupo.
Entretanto, outros traços da cultura, como religião, danças, e cerimoniais já estão quase que extintos da memória desse povo. Como exemplo, podemos citar sobre a reunião dos homens guatós, narrados por Castelnau (apud Souza, 1973, cf. página 79 deste trabalho). Quando questionados sobre o que acontecia nessa reunião ou se ela ainda existia, os Guatós entrevistados disseram não terem conhecimetno do cerimonial de seus ancestrais.
O que ficou bastante evidente de nossa observação durante as visitas foi que os Guatós vivem em extrema miséria e precisam de maior atenção das autoridades competentes.(Lima, R. A. F, 2002)

Para saber mais sobre os Guatós consulte:

LIMA, R. A. F. Dando a Palavra aos Guatós: alguns aspectos sociolingüísticos. Assis, 2002. 174p. Tese de doutorado – Faculdade de Ciências e Letras de Assis. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.

Agora que souberam um pouco mais sobre os Guatós nas notas proemias da capa da RBTV, leia a áudio-descrição na Revista Brasileira de Tradução Visual (ISSN, 2176-9656, www.rbtv.associadosdainclusao.com.br.