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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Um Pouco de História: I Encontro de Áudio-descrição "Imagens que Falam", em Recife-PE

por Francisco Lima

Prezados,
Vejam como foi o primeiro encontro sobre áudio-descrição que fizemos em Recife, em Dezembro de 2008.
Venham participar do IV Encontro de áudio-descrição Imagens que Falam, este ano, no Rio de Janeiro, no Instituto Benjamin Constant.
Confira programação em:
http://www.lerparaver.com/node/11710 ]
Cordialmente,
Francisco Lima
Retirado de:
http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=23666

“
I Encontro Imagens que falam
Rede Saci
08/12/2008
Fabiana Tavares contacomo foram as atividades vivenciadas no encontro
Fabiana Tavares
A primeira mostra de áudio-descrição: "Imagens que falam" organizada por Francisco Lima, Rosangela Lima, Lívia Guedes e integrantes do Centro de Estudos Inclusivos da UFPE, realizada no Centro de Educação, nesta última sexta-feira, trouxe para nós, professores, alunos,familiares e amigos de pessoas com deficiência visual, o conhecimento de caminhos possibilitadores da inclusão em contextos sociais diversos: educacional, cultural, laboral.
A mostra foi iniciada pelo coordenador do CEI , responsável pelo primeiro curso de Tradução Visual, com ênfase na Áudio-descrição em Pernambuco. Francisco comentou que o objetivo do curso foi oferecer ao áudio-descritor
ferramentas para tornar o mundo das imagens acessível àqueles que não as vêem. A professora Rosangela prosseguiu explicando que a áudio-descrição é o recurso que permite a inclusão de pessoas com deficiência visual , intelectual, disléxicos e idosos em cinema, teatro e programas de televisão. A referida professora discorreu sobre o "Panorama Nacional e Internacional da áudio-descrição", explicou o significado desse vocábulo hifenizado. Apresentou marco inicial da áudio-descrição (1975 - numa tese de pós-graduação "Máster of Arts", apresentada na Universidade de São Francisco pelo norte-americano Gregory Frazier) e iniciativas brasileiras: 2003- Festival "Assim vivemos"; 2004 - Fundação do grupo TAM; 2005 - Filme "Irmãos de fé"; 2007 - Teatro "O andaime" ... ; 2008 - Primeiro anúncio contemplando a áudio-descrição, realizado pela NATURA. ; 2008 - o curso de Tradução Visual oferecido pelo CEI.
Rose ainda falou sobre a lei 10.098/200 e decreto 5.296/2004, que visam, entre outros dispositivos, à acessibilidade comunicacional às pessoas com deficiência visual, seja no lazer, comunicação ou trabalho. Em seguida, sob a temática "Áudio-descrição e educação: o que muda?", Fernanda Araújo demonstrou como a áudio-descrição pode contribuir para a inserção de pessoas com baixa visão, cegas ou disléxicas na escola. Durante a mostra de trabalhos, Fernanda exemplificou a face prática do conteúdo discutido até aquele momento e trouxe uma atividade de geografia (tema: paisagem), demonstrando como tornar acessível o conteúdo das imagens para todos os alunos.
A fala de Gustavo foi marcante porque ele relatou a experiência de alguém que experimentou a face excludente da educação, que geralmente, segue uma lógica que contempla em 2/3 a prática ancorada no sentido da visão. Como aluno que experienciou,certa vez, o insucesso escolar em razão da ausência da acessibilidade ao conteúdo trabalhado pela professora (Sistema solar) e como usuário do recurso da áudio-descrição e pedagogo, Gustavo demonstrou que o especial na educação está em tornar todos os momentos do processo de ensino-aprendizagem acessível a Todos os alunos indistintamente.
Concluindo as atividades do horário da manhã, houve apresentações de áudio descrições gravadas. A experiência de assisti-las, sob o estímulo, orientações, problematizações propostas pelo professor Francisco Lima, foi muito relevante porque nos possibilitou compreender quão vazias tornam-se as
mensagens, para o público que tem deficiência visual, quando os textos televisivos não contemplam a áudio-descrição.
No intervalo para o almoço, ao conversar com alguns graduandos, percebi que o que estava sendo discutido no encontro através da interface teoria e prática, era para alguns o indicativo de um caminho que será utilizado com mais freqüência, em decorrência da perda gradativa da visão, para outros a
perspectiva de como trabalhar com Todos os alunos e para mim a certeza de que começamos a descortinar mais um caminho que colocará em xeque a
expressão " a escola não está preparada", pois mesmo que o docente não possua a técnica da áudio-descrição, ele pode fazê-la e deve ter ciência de que já faz uso de alguns de seus recursos cotidianamente,por exemplo, ao orientar alguém sobre a localização de um objeto.
Á tarde, em conferência ministrada por Lívia Guedes sobre " Áudio descrição: orientações para uma Prática sem Barreiras Atitudinais", aprendemos sobre os procedimentos (in)adequados na atividade de áudio-descrição. Lívia disse que audiodescrever é conhecer e eleger o quê e como descrever, falou que as barreiras atitudinais contra a pessoa com deficiência são invisíveis para quem as pratica e concretas para quem as sente.
Paulo Vieira, contribuidor voluntário do CEI, compartilhou conosco suas percepções sobre a inclusão e falou de sua experiência como pesquisador e integrante do grupo.
Marcelo Guedes, Arthur Mendonça e Ilza Teixeira ministraram a mesa redonda " A áudio-descrição nos contextos Cultural, Educacional e Laboral". Ilza falou da inclusão da pessoa com deficiência nos esportes. Marcelo , com muita suavidade, apresentou o conceito de cultura e disse que , como estudante do curso de Comunicação, percebia que a inclusão e a áudio-descrição ainda são conteúdos pouco valorizados pelos profissionais da referida área; apontou uma distância entre o que é previsto na lei e o que se efetiva na formação e atuação dos profissionais da comunicação.
Arthur trouxe a visão do administrador de empresas sobre o recrutamento e contratação da pessoa com deficiência. Percebemos mais uma vez , com as contribuições do Arthur, como a comunicação pode ser excludente. Ele trouxe alguns Classificados para que percebêssemos como a oferta de vagas , já pelo
seu formato, indica ação desrespeitosa frente a pessoa com deficiência.
Concluindo as atividades da tarde, o professor Francisco Lima mostrou alguns curtas-metragens audiodescritos em tempo real por Lívia. A tradução simultânea, na voz de Lívia, foi um presente natalino antecipado para todos nós!
Percebemos quanto treino, dedicação, atenção, acervo de verbos e adjetivos são necessários. Bem, pessoal, infelizmente não participei das atividades vivenciadas a noite: a apresentação de teatro "O menino que contava estrelas" e o debate "A áudio-descrição no Teatro: o público quer saber". Estou feliz porque pude rever alguns dos componentes do CEI, pela ampliação de saberes, por ter compartilhado esses saberes com meus alunos, por saber que eles (os graduandos) serão disseminadores de idéias e atitudes inclusivas nos municípios interioranos, onde a escassez de recursos, de informações obstam a escola para todos.
Francisco, Rose e Livia , organizadores da mostra, nossos agradecimentos pela oportunidade de aprender! Fernanda, Gustavo, Ernani, Paulo, Marcelo, Artur, Ilza e demais componentes do CEI obrigada por oferecer as lentes caleidoscópicas sobre a áudio-descrição. O dia 05 de dezembro de 2008 foi o momento de re-aprender, verbo ancorado no referencial freiriano que nos indica que sempre é tempo de nos desnudarmos de antigas percepções e refazermos o caminho. Um caminho que oportunize condições para que todos possam, reflexivamente, "descobrir-se e conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica".