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Lite-Cultura - O seu blog sobre literatura e cultura - blog de Norberto Sousa

Peça que usa a cegueira para falar sobre relações pessoais estreia no Rio

por Norberto Sousa

A tensa convivência entre dois irmãos é o combustível para mover os debates sobre as relações humanas, no jogo de cena criado pela comédia dramática “O Cego e o Louco”, que estreia hoje, no Sesc Copacabana. No texto, escrito por Cláudia Barral, Nestor é um pintor cego de personalidade forte que, apesar da deficiência, domina o frágil Lázaro, o caçula. Mas a dinâmica eventualmente perversa se desconecta quando chega uma vizinha.

— O espetáculo fala também do autoconhecimento, não só sobre o conhecimento do outro — explica o diretor Gustavo Wabner, que acrescenta: — A peça desperta na gente sentimentos que são inerentes a qualquer tipo de relacionamento, principalmente os familiares. Eles vão do amor ao ódio, da sanidade à loucura, da lucidez ao devaneio.

Para Daniel Dias da Silva, que vive Lázaro, a história toca diretamente o desejo de romper as barreiras da rotina.
— Algumas relações são marcadas pela dominação afetiva ou psicológica. É um jogo de que nem sempre as pessoas envolvidas se dão conta. Eu prefiro apostar na liberdade e no crescimento conjunto. Lúcia (a vizinha) representa a quebra da rotina, a mudança de paradigma nessa relação de poder. Ela é a luz que vem romper o delicado equilíbrio desses dois personagens — afirma ele.

A história foi criada em 2000 e até então permanecia inédita no Rio. Intérprete da outra face dessa mesma moeda, Alexandre Lino é um profundo conhecedor da cegueira física, já que viveu um deficiente visual na montagem “Asilo paraíso” e dirigiu atores cegos em “Volúpia da cegueira”. Para ele, a dependência emocional é o mal do século:
— Acreditar que a felicidade está no outro tem destruído lares, pessoas e vidas.

Serviço:

O Cego e O Louco
Sesc Copacabana: Rua Domingos Ferreira 160, Copacabana — 2547-0156. Sex a dom, às18h. R$ 30. 12 anos. Até 27 de janeiro.

Fonte:
https://extra.globo.com/tv-e-lazer/peca-que-usa-cegueira-para-falar-sobr...