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Mulheres especiais

por Douglas Valter ...

Mulheres especiais
As dificuldades são muitas, mas a necessidade de lutar por mudanças move as integrantes do Fórum Mulheres com Deficiência de Mossoró a exporem um pouco de suas rotinas a fim de sensibilizar a sociedade a apoiar essa luta.
As integrantes do Fórum - que reúne mulheres com deficiência física, visual, auditiva e intelectual - aproveitaram a última semana, quando se comemorou o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física (11/10), para lembrar as barreiras no convívio social e o preconceito que são vivenciados em dobro pelas mulheres com deficiência.
Cláudia Medeiros, Benômia Maria e Renata Fernandes fazem parte desse grupo e ressaltam que a ideia de se unir em torno da questão das mulheres com deficiência visa fortalecer o pedido por mudanças em muitas das situações em que elas sofrem preconceito:
"O Fórum foi criado a partir de encontros que realizamos e das conversas com outras mulheres que apontaram dificuldades nas questões do direito, da sexualidade, da falta de oportunidades no mercado de trabalho e de mostrar também suas capacidades como cidadã e mulher que acabam se refletindo com a baixa-estima. O evento passou, mas continuamos promovendo visitas e conversas e na semana das pessoas com deficiência física lembramos essas questões para que possamos ser respeitadas com nossas diferenças, limitações e particularidades", explica Benômia Maria.

Saúde das mulheres
Cláudia Medeiros lembra que, além da dificuldade de acessibilidade urbana, há ainda outras questões como as dificuldades de instrumentos para o atendimento especial a mulheres com deficiência física na saúde pública.
"Ainda sofremos porque os hospitais ainda não estão adaptados quando falamos em saúde da mulher com deficiência. Para se fazer uma mamografia, ainda se usam aparelhos em que as mulheres têm de estar de pé, sem falar que muitas macas e mesas de consultas não baixam entre outras dificuldades", reforça Cláudia.

Mercado de trabalho
Segundo o Instituto Brasileiro dos Direitos das Pessoas com Deficiência, o mercado de trabalho para pessoas com deficiência no Brasil encolheu 12% nos últimos três anos. Nesse período, 42,8 mil vagas foram fechadas nas empresas do país. Esses números constam das estatísticas do cadastro da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Apesar das leis obrigarem a contratação de pessoas com deficiência por empresas com mais de 100 funcionários, a fiscalização e a cobrança pelo cumprimento das leis conforme as entidades que lutam pelos direitos das pessoas com deficiência deixam muito a desejar. A lei que criou as cotas para as pessoas com deficiência no mercado de trabalho completou, em 2011, vinte anos e, mesmo assim, ainda é descumprida.
No caso das mulheres, a situação tende a ser pior. "Sabemos que as oportunidades estão se reduzindo e para as mulheres é mais difícil ainda. Temos casos de mulheres que não recebem benefício e que passaram anos buscando uma oportunidade. Quando essas mulheres encontram, agarram a oportunidade e temem perder o emprego", afirma Benômia Maria.

Conversas e autoestima
Um dos trabalhos que essas mulheres realizam constantemente em Mossoró são as conversas entre amigas. Quando começamos a fazer as visitas, percebemos que algumas mulheres estavam tendo problemas com depressão e baixa-estima.
"Sabemos que a auto-imagem é muito importante para toda mulher. Muitas mulheres com deficiência desenvolvem depressão depois de serem maltratadas, alvo de preconceitos nos ambientes sociais ou mesmo de vivenciarem o oportunismo de parceiros que se apoderam do benefício social. Isso é algo que é frequente e que a partir de exemplos de outras mulheres elas passam a mudar a sua própria imagem", reforça Renata.
Novo encontro
As integrantes do Fórum das Mulheres com deficiência de Mossoró sabem que todas estas dificuldades só podem ser reforçadas com a união e engajamento de vários setores da sociedade. Por isso, elas pretendem realizar um evento, o segundo deste ano para celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência em dezembro. "Estamos com alguns projetos como a realização do evento, apresentações de um grupo de dança com as mulheres do Fórum e até basquete em cadeiras de rodas feminino. Com essas ações, damos continuidade às lutas e mostramos o que podemos fazer", explica Benômia.

fonte:
http://www.defato.com/domingo/domingo.php#mat3