Geraldo Magela, o melhor humorista cego do Brasil
Geraldo Magela é o melhor humorista cego do Brasil. Mesmo porque, só tem ele. Antes
de ser humorista, na infância, foi vendedor de picolé, refresco, bolinho de espinafre,
carregador de feira. Quando adulto, fez como a maioria dos deficientes visuais: vendeu
loteria. Um tremendo pé frio, não vendeu um prêmio sequer. Também fez locução em
lojas, anunciando produtos do tipo: camisas que depois de lavadas servem para o irmão
mais novo, calças que depois de lavadas viram bermudas. Sempre de um jeito diferente,
Geraldo Magela ficava escondido, anunciando os produtos fazendo imitações de personagens
famosos, dando a entender que os mesmos estavam ali presentes.
A carreira artística começou no rádio. Como ouvinte, ganhou um concurso em um programa
do maior nome do rádio mineiro, Aldair Pinto. O prêmio: uma lata de café de 2 kg,
que tinha, na verdade, 1kg e 250g. Mas, Aldair Pinto pediu que Geraldo Magela fizesse
algumas imitações e o convidou a participar do seu programa. Depois, passou a ter
um programa só seu e trabalhou em diversas rádios mineiras. Rádio Incofidência, Rádio
Capital, Rádio Itatiaia.
A primeira experiência na televisão foi na Rede Minas, apresentando um programa de
rádio dentro da TV, chamado Rancho Fundo. No teatro começou com a peça Radioatividade,
uma programação de um dia em uma rádio feito no palco. Logo depois, apresentou o
show Cegos, mancos e loucos com Kaquinho Big Dog. Cego era ele, Kaquinho era o
manco e os loucos eram os que iam assisti-lo. Em 1996, Geraldo Magela lança o show
que o consagrou Ceguinho é a Mãe, no programa Jô Soares Onze Meia, ainda no SBT.
A partir daí sua carreira decolou. E o humorista participou dos principais programas
de televisão do país.
No show, Geraldo diz que para começo de conversa, o Ceguinho é sempre um ponto de
referência, assim como os gordos e os carecas: Você está vendo aquela loira? Aquela
atrás daquele gordo
ou: Você está vendo aquele careca ali na esquina? Pois é,
a loja que você está procurando fica ao lado dele
. Mas o pior tipo de referência
é a do ceguinho! Tem sempre alguma pessoa dizendo: Eu quero ficar cego agora, se
estiver mentindo! Fica parecendo que todo cego é mentiroso
Os comentários gerais, então, merecem capítulo especial. Alguns dizem: Coitadinho,
tão bonitinho e cego! Você quer dizer, além de cego, eu tinha que ser feio, ter
o pé grande, morar longe
E tem os que perguntam: Você é cego total? Ao que respondo:
Não, só até as 18 horas, depois eu dirijo um táxi!.
Para atravessar uma rua é uma verdadeira piada. Tem pessoas que me atravessam em
uma avenida de duas pistas e, quando chega no canteiro central, me perguntam: Você
quer atravessar a outra pista também? Eu digo: Não, eu moro aqui
Vamos entrar,
tomar um cafezinho
Outro dia mesmo, eu tava com uma pressa danada, e queria atravessar
a rua, mas ninguém me dava o braço. Aí eu pensei: Será que eu tô fedido? Eu olhei
para um lado, olhei pro outro
Não vi ninguém porque eu sou cego
E decidi: O primeiro
que me roçar o braço, eu agarro e atravesso! Dito e feito: o primeiro que me esbarrou
o braço eu agarrei nele e nós atravessamos em meio às buzinas. Ao chegar do outro
lado, fui agradecer: Muito obrigado. Não, eu que agradeço, eu sou cego
Uai,
você também é cego?
São algumas das histórias que compõem o show Ceguinho é a mãe. Trata-se de um espetáculo
diferente, irreverente e conscientizador, testado e aprovado pelo público brasileiro
em várias oportunidades.
Publicado por: Ricardo Shimosakai | 15/05/2011
Página de Internet: TURISMO ADAPTADO
Fazendo A DIFERENÇA NA BUSCA PELA IGUALDADE
- Partilhe no Facebook
- no Twitter
- 6021 leituras