'Duvidavam que eu pudesse cuidar dos meus filhos', diz mãe cega
Marina Holanda | 10/05/2015
Laura Freitas desmistifica temáticas sobre sua vivência com a maternidade e a deficiência visual (Foto: Marina Holanda/G1)
Laura Freitas é mãe de dois meninos e possui deficiência visual. Com dupla jornada, ela fala que sempre se sentiu igual a muitas mães.
Laura Freitas tem deficiência visual desde que nasceu e enfrenta o desafio de ser mãe há 14 anos, quando teve o primeiro filho. Ela conta que as dificuldades não são muito diferentes das mulheres que enxergam. “Duvidavam que eu pudesse cuidar dos meus filhos por ser cega. As pessoas ficam curiosas e se reprimem em perguntar, mas eu gosto de responder. Sei que eu posso. É importante que as pessoas também saibam. Sempre acreditei que eu ia conseguir. E eu amo ser mãe! Foi o melhor presente que Deus me deu” afirma.
Com 32 anos, Laura é mãe de Gabriel, 14 anos, e Vinícius, de 8 anos. Trabalha como revisora de braile no Centro de Referência em Educação e Atendimento Especial do Ceará (Creaece), em Fortaleza. Ela diz que está afastada por falta de material. “Trabalho de dois a três períodos. A dificuldade maior é não ter com quem deixar os meus filhos”. Para isso, recorre muitas vezes ao auxílio da mãe Marta.
A cegueira de Laura é hereditária. “Eu nasci assim”, afirma. Ela explica que a sua adaptação com foi 'desde sempre'. No caso de pessoas que já enxergaram um dia, mas que depois perderam a visão, a adaptação é diferente. “Sempre me senti igual”, disse.
Diferenças e adaptações
Na casa de Laura, os objetos permanecem distribuídos sempre no mesmo lugar para facilitar a localização e locomoção dela. “Na minha casa, eu sou independente. Gosto de cozinhar, fazer sobremesas...”, conta.
Acompanhada do mais novo, ela destaca o que há de especial na sua relação com os filhos. “Filho de cego é mais atencioso, mais responsável. Eles têm o cuidado de avisar quando vão sair de perto de mim, diferente de quando estão com a avó, ficam mais livres”, explica.
Táticas
“O que eu encontro de mais diferente, é que no início, muitas coisas eu precisava perguntar. Coisas relativas a cores em atividades da escola, ou medições. Uma das táticas que eu tinha, quando eu ia dar remédio ao bebê, por exemplo, era aproximar o conta-gotas do meu ouvido para escutar quantas gotas estavam caindo. Ia no instinto. No segundo filho, já foi mais fácil.”
A realidade das mães cegas são distintas e variam em cada caso. Segundo a experiência de Laura com outras mulheres do Creaece, há mães com deficiência visual que se tornam muito dependentes da ajuda de outras pessoas e que terminam por se acomodar a essa condição. “Eu ando e saio só, porque eu quis assim. Incentivo eu tive pouco. Se eu fosse rica, eu tinha era mais [filhos]!” conta Laura entre risos. “Eu digo pra ela que nós somos duas mulheres sofredoras, mas fortes” completa Marta, mãe de Laura.
FONTE: http://g1.globo.com/
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Comentários
Gostei!
Gostei muito deste testemunho de que a cegueira não impede de realizarmos os nossos sonhos, só temos de ter muita força de vontade e não desistir, e aceitarmos ajuda só quando precisamos, ou então sermos criativos e criarmos estratégias.
Fico muito feliz que esta mulher tenha realizado o sonho de ter um filho, embora tenha tido o primeiro muito cedo.
Já dizia o ditado: a necessidade faz o engenho. E acabamos por descobrir por nós próprios outras formas de dar a volta aos desafios.
Espero que esta história sirva de estímulo a outras mulheres que lutam pelos seus sonhos, seja encontrar um companheiro compreensivo e respeitador, seja ter um emprego e independência financeira, seja ter filhos ou tudo isto junto.
Tudo de bom!
mães cegas são mais do q capazes
Olá Marco e Céu !
Como devem saber, a Fraternidade Cristã abriu-me imensas portas, e conheço imensa gente, de quase todos os tipos de deficiência fisica .. !
Conheço particularmente bem, uma amiga cega, chamada Manuela, com quem me dou muito bem lool
Ela já deu em tempos uma reportagem na tvi, sic ou rtp1 sobre as mães cegas tratarem dos bébés
Tem uma filha q agora tem uns 12 anos, mas quando era bébé, ela tratava dela como se nada fosse, e ao vestir a bébé sabia q uma camisola é amarela, q as calças são azuis ... até eu ficava espantado lool
E um dia ela me contou, q o truque é: quando comprava 1 peça de roupa, pedia para descrever, e pela textura sabia a côr ... lool
As mães cegas são tão ou mais competentes para tratar dos filhos como as ditas normais ... !
Abreijos