Na Composição da Áudio-descrição Entra o Empoderamento e não Cabe a Subestimação da Capacidade da Pessoa com Deficiência.
Prezados,
Pelo caráter incipiente da áudio-descrição no Brasil, até mesmo entre alguns dos áudio-descritores brasileiros, verifica-se controvérsia, por exemplo, quanto à grafia do termo áudio-descrição, o qual tem aparecido escrito como áudiodescrição, áudio descrição e, mais freqüentemente, na forma de audiodescrição. E como se grafa a palavra áudio-descrição, então?
Como se pode ver pela grafia adotada neste artigo, o autor optou por a grafar com hífen, mantendo o acento agudo no a do primeiro elemento do léxico.
Ao dizermos áudio-descrição, estamos dizendo de áudio e estamos dizendo de descrição. Os termos mantêm individualmente seu sentido original, porém, constituindo novo sentido, numa nova unidade semântica. Quanto à prosódia e à grafia das palavras em separado, elas são mantidas, logo não havendo razão que justificasse as unir na grafia ou as escrever em separado, sem hífen. Isto é, a junção dos termos áudio e descrição pelo hífen leva ao entendimento de uma nova construção semântica, com sentido próprio, sem que cada termo se destitua por completo de seu sentido original.
Fundir áudio e descrição, sem a correta grafia, portanto, pode levar a uma idéia imprecisa do que, de fato, ela é, um novo termo, com elementos constitutivos conhecidos, mas que mantém a acentuação e demais atributos gráficos dos elementos em separado e, por conseguinte, com sentido próprio e distinto do significado que têm os termos áudio e descrição individualmente.
Quando se une diferentes elementos com hífen e não se perde o sentido original de cada elemento constitutivo, constrói-se na relação uma nova unidade semântica com sentido próprio e concernente ao novo vocábulo. Não se dar conta disso é um equívoco que pode levar a conclusões errôneas.
Para ver exemplo de como o desconhecimento de como se compõem certos vocábulos e de como o uso do hífen diferencia um termo de outro, o leitor pode conferir o artigo disponível na www.rbtv.associadosdainclusao.com.br, de onde estes extratos foram retirados e que assim foi intitulado: O Traço de União da Áudio-descrição
Versos e Controvérsias
Antes, porém, vejamos mais um pouco do que se pode ler neste artigo, a respeito da correta grafia do termo que define a tradução visual chamada de áudio-descrição:
Nas últimas décadas, contudo, um movimento internacional, desencadeado nos Estados Unidos vem mudando essa situação.
Esteado na técnica da tradução visual e com o princípio de que todos devem ter pleno acesso à informação, à comunicação, à cultura, à educação e ao lazer, bem como com o entendimento de que cabe ao indivíduo decidir sobre o que quer, como quer, quando quer ter a acesso a tudo isso, começou-se a desenvolver o que veio a ser chamado de áudio-descrição.
Assim como a ortografia desse vocábulo apresenta um traço de união que nos remete a uma nova construção, a partir da composição de elementos distintos e com significados diversos bem conhecidos, o real sentido da áudio-descrição também nos remete a uma nova compreensão do direito à informação e à comunicação. Por conseguinte, o significado dos vocábulos áudio e descrição é bem mais que a união dos dois elementos que o compõem, não sendo, portanto, a mera narração de imagens visualmente inacessíveis aos que não enxergam. A áudio-descrição implica em oferecer aos usuários desse serviço as condições de igualdade e oportunidade de acesso ao mundo das imagens, garantindo-lhes o direito de concluírem por si mesmos o que tais imagens significam, a partir de suas experiências, de seu conhecimento de mundo e de sua cognição.
Em outras palavras, a áudio-descrição não é uma descrição qualquer, despretensiosa, sem regras, aleatória. Trata-se de uma descrição regrada, adequada a construir entendimento, onde antes não existia, ou era impreciso; uma descrição plena de sentidos e que mantém os atributos de ambos os elementos, do áudio e da descrição, com qualidade e independência. É assim que a áudio-descrição deve ser: a ponte entre a imagem não vista e a imagem construída na mente de quem ouve a descrição.
Logo, a união dos sentidos se dá por uma ponte em cujas extremidades estão a imagem e a descrição. Essa ponte, o áudio-descritor, vem conduzir a imagem que sem a descrição será inacessível às pessoas com deficiência visual, mas que, com a áudio-descrição, tomará sentido.
Para ler muito mais e conhecer o mundo da áudio-descrição, leia o artigo na íntegra em www.rbtv.associadosdainclusao.com.br .
Cordialmente,
Francisco Lima
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