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Alunos cegos ou com baixa visão aprendem história com as pedras

por Lerparaver

O pólo museológico de Almeirim abriu portas para uma visita diferente, em que estudantes puderam tocar em pedras tumulares e capitéis para aprender história.

Cátia Batista toca numa pedra tumular em calcário do século XVI do antigo convento da serra de Almeirim tentando perceber o que está escrito. A aluna da Escola D. João II, em Santarém, é cega de nascença e foi uma das participantes na iniciativa “Pedras Antigas – Pedras com História”, promovida pela Escola Secundária Marquesa de Alorna de Almeirim e pela Câmara de Almeirim, que decorreu no pólo museológico da cidade. O objectivo era alertar a comunidade para a igualdade de oportunidades. “Tem uma textura diferente”, comenta a aluna de 14 anos, da Romeira (Santarém), que anda no 8º ano de escolaridade. “Saio daqui com um enriquecimento maior”, dizia a aluna que optou por andar numa escola onde é a única jovem invisual.

A estudante ficou entusiasmada quando tocou em diversas amostras de solos. “Nunca o tinha feito e consegui ver as diferenças”, sublinhava encantada com a iniciativa que lhe trouxe mais conhecimentos. “Aprendi com esta acção que o Homem tem que preservar mais a natureza e que tudo tem uma história. A aluna que gostava de ser jornalista ou advogada tem a sorte de andar numa escola que se tem esforçado por lhe criar todas as condições para estudar. “Apesar do material para cegos ser muito caro, só tenho a agradecer à escola que tem feito um esforço para me dar tudo o que preciso. Tenho um computador adaptado, uma impressora de braille (um sistema de leitura com o tacto), um scanner onde coloco por exemplo um jornal e me lê em voz alta a notícia, além de um aparelho que ao tocar num objecto me diz qual a sua cor”, refere.

Filipa Nunes reside em Alpiarça, estuda na Secundária de Almeirim e tem baixa visão. Houve uma altura em que via apenas 20 por cento, agora está a ver perto de 80 por cento. Foi uma das alunas que teve a ideia de fazer esta actividade para “ajudar outros colegas”. Quando Filipa andava no 6º ano de escolaridade foi-lhe detectada uma conjuntivite crónica. Quando andava no 9º ano via muito pouco. Apesar das dificuldades a estudante teve a ajuda de uma amiga que estuda na mesma escola e que sem ter problemas de visão resolveu aprender braille para que não se sentisse sozinha. Ana Luísa Amorim diz que “agora a Filipa já não se sente sozinha”. E revela que o que aprendeu também lhe pode ser útil no futuro, quando tiver o curso de tradução que pretende fazer.

A iniciativa, que decorreu no dia 16 de Maio, reuniu vários alunos portadores de deficiência visual e a ideia é continuar a realizá-la, de modo também a sensibilizar as entidades para a necessidade dos museus terem indicações em braille das peças expostas.

Fonte: http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=288&id=34576&idSeccao=4074...

Comentários

Eu estive lá e posso dizer que gostei bastante, achei uma experiencia interessante, deve ser repetida, adorei a forma como estava organizado, ou melhor as meninas fofas que lá estavam lol já agredeci ao pessoal envolvido, acho sinceramente que se deviam dinamizar acções destas em todo o país pois aprende-se bastante e é uma forma de conheçer pessoas novas.

gostei imenso por mim repetia-se já, ouvi dizer que houve umas pessoas com saudades dos meus bjitos e das massagens, mas isso eu trato quando elas quiserem lol

Cátia de Lemos

"Fico imensamente feliz em encontrar um site que trata da questão da visão.Sou brasileira, amazonense e a primeira deficiente visual que adentro no Mestrado em Educação na Universidade federal do meu Estado e quero parabenizar este site porque nos dá a oportunidade de aprendermos cada vez mais com as inúmeras experiências aqui relatadas.

Se precisarem de ajuda é só me contactar: catia_lemos77@hotmail.com

Abraços carinhosos da Cátia

Cátia de Lemos

Bom dia a todos (aqui no Brasil são 08:23h)!
Sou arquiteta, estou concluindo o mestrado na Universidade de Brasília, defendo minha tese agora no final de junho; diz respeito às condições apropriadas de iluminação na sala de aula para portadores de baixa visão. Quero felicitar a agradecer aos colaboradores deste site os quais enriquecem nossas vidas todos os dias com informações sobre inclusão escolar e deficiência visual. Muito bom poder contar com todos vocês.

Olá a todos, sou a Madalena Ribeiro do blog e sou estudante unviversitária. Durante o meu percurso escolar também sempre me considerei uma menina de sorte e posso relatar uma experiência parecida com aquela que é referida no artigo. Isso passou-se no Museu de Arte Antiga de Lisboa, onde me oi feita uma visita personalizada, na qual tive a possibilidade de tocar nas esculturas e nos relevos da capela barroca, toda em talha dourada. Foi uma experiência incrível que recomendo a todas as pessoas cegas ou não.
Beijinhos a todos.
Madalena Ribeiro

Madalena Ribeiro