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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Réplica ao Post que criticava a Oficina que Prometia Ensinar Pessoas Cegas "audiodescreverem por si só.

por Francisco Lima

Prezados,
Partilho réplica da professora Eliana Franco ao post que escrevi sobre a oficina que ela ministraria, a qual prometia ensinar pessoas cegas a "audiodescrever por si só.
Confiram.
Cordialmente,
Francisco Lima

Caros Participantes das Listas, a quem direciono esta mensagem em nome de uma colega e consultora de AD, Sr. Francisco Lima e Sra. Beatriz Lindenberg, coordenadora do Instituto Marlin Azul.

Peço licença aos participantes destes grupos virtuais, dos quais não participo, e aos seus moderadores, para me manifestar a respeito de um email do Sr. Francisco Lima, sobre o qual só tive conhecimento semana passada, através de membros do meu grupo de pesquisa TRAMAD, em reunião semanal.

Sinto a obrigação de me manifestar, não pelo direito da resposta, nem mesmo para me justificar sobre minha formação ou meu trabalho, que estão disponíveis online, para quem quiser consultar. Mas me sinto na obrigação de me posicionar sobre acusações tão equivocadas, sarcásticas, desrespeitosas e infundadas a respeito da instituição que promoveu a oficina de audiodescrição, e que gentilmente me convidou a ministrá-la.

Em primeiro lugar, não entendo a indignação do Sr. Lima sobre uma oficina que tem como objetivo ensinar as pessoas com deficiência visual a audiodescrever. Ora, se o Sr. Lima, que tem deficiência visual, se acha capaz de dar curso sobre o assunto, por que um cidadão com deficiência visual não poderia aprender a audiodescrição? Ninguém nasce sabendo, como o Sr. Lima supõe de si mesmo. Para se tornar consultor de AD, a pessoa com deficiência visual deve fazer curso de audiodescrição sim, entender sua dinâmica, como qualquer vidente que quer se tornar um audiodescritor.

Em segundo lugar, não entendo porque o Sr. Lima não entrou em contato direto comigo, ou com a instituição, para saber mais sobre a oficina, uma vez que todos os contatos estavam disponíveis no release. O Sr. Lima tem meu email pessoal, mas preferiu lançar sua mensagem em listas nas quais não participo. Essa atitude, realmente, me faz duvidar das intenções de tal mensagem, que nada tem a ver com “esclarecimento,”mas sim com auto-promoção da forma mais antiética e desnecessária possível. E, afirmar várias vezes que está falando do anúncio da oficina não lhe outorga o direito de esculachar o trabalho e a idoneidade de uma instituição.

O Instituto Marlin Azul (IMA – www.marlinazul.org) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), criada em 1999, com o intuito de “desenvolver as formas de expressão, os modos de criar e os processos de preservação do patrimônio cultural, além de promover, apoiar, produzir e patrocinar gestões direcionadas ao resgate cultural, artístico e educacional, democratizando o acesso aos bens culturais” (citação do site). Dentre seus projetos, está a oficina de filmes de animação do Núcleo Animazul (www.animazul.org.br), que aceitou o convite de outro projeto de fora da instituição, o Arte sem Limites, para ensinar pessoas sem deficiência e com deficiências variadas a fazer curtas-metragens de animação. Sim, filmes, e não “animação de plateia”, como o Sr. Lima se referiu tão desrespeitosamente ao projeto e a uma de suas integrantes, Marinéia Anatório, responsável pela ideia da audiodescrição para os curtas produzidos. Dessa ideia veio o convite para que eu ministrasse a oficina, em vista da minha formação e experiência na área, para a capacitação das pessoas do Instituto Marlin Azul, do Núcleo Animazul e do Projeto Arte sem Limites. Tudo, a meu ver, bastante coerente.

Se tivesse se informado bem antes de falar tanta baboseira, teria sabido que o curso foi dirigido a videntes também, que obviamente são indispensáveis no processo de elaboração de roteiro. Contudo, a tônica da oficina “Audiodescrição por nós mesmos” foi inserir a pessoa com deficiência visual no processo de elaboração do roteiro, o que não acontece geralmente. Na maioria dos casos, o deficiente visual entra como revisor ou consultor de um roteiro previamente elaborado. É de extrema importância que ele saiba como a elaboração do roteiro acontece para poder ajudar com as prováveis lacunas ou ambiguidades.

De todas as oficinas que dei, essa foi a que contou com o maior número de participantes com deficiência visual (50%), uma participante com Síndrome de Down, e outro com deficiência intelectual, além dos videntes sem deficiência. Tudo está documentado em vídeo e fotos. Essa também foi a oficina mais desafiadora e mais prazerosa que dei na vida, primeiro pelos participantes, depois pelo mérito da proposta que, diferentemente do Sr. Lima, achei da maior sensibilidade e coerência.

Sim, existem gastos com essas oficinas, dos mais variados tipos, e os financiadores estão devidamente creditados no release da oficina. O resultado de tudo foi uma integração maravilhosa, que está se estendendo por todos os sábados em que os participantes se reúnem no instituto para finalizarem a tarefa que comecei. Os curtas com audiodescrição serão apresentados no Dia Internacional da Animação em Vitória, em outubro, com a presença de todos os envolvidos.

Encaminho cópia desta às listas de discussão que receberam o infeliz email, ao autor Sr. Francisco Lima, ao Sr. Milton que encaminhou o email, e à coordenadora do Instituto Marlin Azul, que está a par do conteúdo do email e que ficará livre para tomar qualquer atitude que achar necessária contra os abusos verbais exercidos pelo Sr. Lima. De minha parte, considero o assunto encerrado, e não pretendo responder a nenhuma outra mensagem que trate do ocorrido.

Finalmente, a todos os participantes das listas, agradeço pela atenção e paciência.
Eliana P. C. Franco