Comentários efectuados por Elton Rocha
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Viva Soraia,
Antes de mais, o meu comentário não tem como objectivo atingir/ofender/atacá-la, mas sim fazer com que veja as questões que colocou sob outro ponto de vista.
Para começar: sim, pode até ser meio aborrecido ter um professor, digamos assim, a chatear um bocadito.
Por outro lado, o facto de uma pessoa não se dar ou não se aproximar de outra com deficiência visual deveria ser algo independente disso. A meu ver, há uma diferença grande entre aquilo que um professor pede, e as relações que estabelecemos.
Por exemplo, aproximar-se-ia da Sofia se nenhum professor tivesse feito «pressão» para tal? Se quer que lhe dê a minha opinião sincera, eu acho que não faria isso, por causa de uma frase que disse:
«o facto de nunca termos lidado com uma pessoa cega fez com que nós nos reprimíssemos e não soubéssemos como começar uma relação contigo...»
Se não faziam ideia de como iniciar uma relação com uma pessoa cega, porque é que haveriam de passar a saber fazê-lo se um professor não fizesse «pressão» e/ou não desse incentivo de alguma forma?
Agora, faço-lhe uma pequena proposta:
Peço apenas que faça um pequeno esforço e tente inverter os papéis... Imagine que é cega, Soraia, e está numa turma onde muito poucos falam consigo. Ou melhor, imagine que quase ninguém fala consigo, e, quando o faz, é por um motivo mínimo, por exemplo, para perguntar se precisa de ajuda. Ou melhor ainda, imagine que nem para isso falam consigo. Como se sentiria?
Como se isso não bastasse, imagine que teria de passar o intervalo sozinha, sem ninguém da sua turma, sem ninguém para compartilhar uma pequena ideia sobre um determinado assunto, para tirar uma pequena dúvida ou até para estudar em conjunto, ou para fazer aquele trabalho de casa que ficou para o último intervalo antes da aula. Pessoalmente, para mim que já passei por isso, é algo que já me deixou absolutamente em baixo.
Em relação ao seu exemplo, de fazer com que uma pessoa namore com outra por obrigação, é algo completamente distinto do que estamos a discutir aqui... Num namoro, é preciso que haja compreensão, respeito, sinceridade de ambas as partes e, sobretudo, amor verdadeiro. Amor verdadeiro que, na minha modesta opinião, tudo ou quase tudo vence.
Mas ao tentar estabelecer contacto com uma pessoa cega, há que, primeiro, ter a consciência que está a falar com uma pessoa que, apesar de não ver, é igual a qualquer outro ser humano.
Sei que pode haver algum receio quando se conhece uma pessoa cega, Soraia, mas pense no seguinte: pode ter uma pessoa com a visão normal na sua turma, pode aproximar-se dela, mas ela pode não querer qualquer tipo de aproximação. Por isso, pedia-lhe que, quando conhecesse alguma pessoa cega e/ou com algum outro tipo de deficiência, fale com ela como falaria com qualquer pessoa que não tivesse nenhuma deficiência aparente, não tenha medo de dizer as coisas que, no seu ponto de vista, podem parecer erradas e/ou incorrectas.
Por exemplo, se estiver a falar com uma pessoa cega, pergunte sem receio «viste o programa x ontem?». E espere pela resposta, tal como faria com umapessoa normovisual, que pode ou não ter visto o tal programa em causa.
Para finalizar por agora, lembre-se:
Não se vê apenas com os olhos. Há diversas outras formas de se poder ver. E, tal como se pode ver sob diferentes aspectos, há coisas que também se sentem de diversas formas.
Elton Rocha