Prezados,
Em resposta à colega Michele (http://www.lerparaver.com/comment/11675#comment-11675, manifestei-me como segue abaixo.
Partilho o texto com vocês, visto que minhas palavras expressam o que penso a respeito do que venho denunciando como a indústria da deficiência, apontando os operadores dessa indústria e confrontando os empresários delas: os públicos e os privados.
Fiquem com a mensagem:
Oi Michele,
Entendo bem o que você diz e, de fato, concordo com você que os ventos políticos não sopram pela inclusão.
Não obstante, somos milhões e se formos efetivamente exigentes, certamente faremos a diferença.
De qualquer modo, fossem apenas as pessoas com deficiência votar, elegeríamos bem mais que senadores. E não podemos desconsiderar que conosco estão nossos pais, filhos, irmãos, amigos e muita gente que não reza pela cartilha da indústria da deficiência.
Apenas acho que é ridículo o papel de algumas instituições que se dizem em favor da pessoa com deficiência, de pessoa com deficiência, para pessoa com deficiência, sequer expressar-se em favor de uma indicação de Ministro que esteja com a pessoa humana com deficiência; que não deixe dormir ações no STF, as quais têm, por lei, direito à tramitação prioritária etc.
Ocorre que o sentimento de impunidade é tão grande e comum neste país, que agora mesmo tenho uma decisão liminar na Justiça Fedral em Pernambuco, a qual não foi/não está sendo respeitada, em nenhuma letra.
Ora, um Supremo que desse o exemplo, não permitiria que instituições federais descumprissem uma ordem judicial, de forma tão descarada assim, percebe?
E os magistrados de instâncias outras, seriam mais condizentes com a Constituição e a Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, julgando rápida e concretamente em benefício da justiça humana, não da económica, como temos visto alhures.
Assim, se rompermos com as peias da tutela mal feita por instituições, muitas das quais presididas por pessoas com deficiência sem currículo e sem outras tantas coisas, como vergonha e caráter (quem nunca soube de mal uso das verbas destinadas para instituições e que não foram empregadas como deviam?), poderemos, sim poderemos ter Ministro com deficiência, a pesar dos podres poderes, poderemos ter instituições que trabalhem, de fato pela inclusão (neste caso os dirigentes não poderão receber salários ou indicar sócios para o fazerem) e só, então, poderemos ver pessoas com deficiência sair da pobreza e da ignorância, sem terem de ficar "obrigados" com políticos travestidos de dirigentes, de presidentes de desta ou daquela instituição, de Secretários desta ou daquela coisa humana etc.
Não é atoa que o tema deste ano é Quebrar Barreiras e Abrir Portas.
Que façamos isso, que arrombemos as portas se isso for necessário, mas que não nos deixemos calar sob a força de políticos e seus serviçais.
Sim, afirmo, temos grandes instituições com grandes pessoas à frente delas: pessoas sérias e bem intencionadas; temos até políticos bem instruídos e fazendo papel digno do exercício que o povo lhes confiou, mas até aí temos, por vezes, os apoiadores, com e sem deficiência que obram pela indústria da deficiência. E, neste caso, essas instituições e seus dirigentes, esses políticos e sua boa intenção devem estar alertas para não serem usados, serem ludibriados.
Em suma, cara Michele, cabe-nos abrir as portas de nosso peito e falar contra este estado de coisas; abrimos nossas mentes e reconhecermos os que nos querem fazer de todos; temos de quebrar barreiras atitudinais, começando com aquelas que tentam dizer que os que ousam falar com o poder estabelecido é "revoltado" e passarmos a lutar pela revolução que liberta a pessoa com deficiência, colocando-a como executora de seus direitos, detentora das armas que a permitem ser humanas com a dignidade de que foi dotada ao nascer e que ninguém pode dela retirar.
Viva a revolução da inclusão, viva a tomada de consciência!
Cordialmente, Francisco Lima
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