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OLHO VIVO - blog de nidros

A revolução do sistema Braille para os invisuais

por nidros

A revolução do sistema Braille para os invisuais

Evocando Luís Braille, inserto no Jornal de Angola, um texto de Sebastião Panzo, ensaiava um interessante paralelo entre o intelectual angolano Óscar Ribas e ocelebrado nome em epígrafe, o francês que inventou o sistema de leitura e escrita para cegos.
Só agora encontrei este apontamento e, mesmo com a devida ressalva do manifesto exagero por conta de um entusiástico arroubo nacionalista(porque o que conta é a intenção), aqui o transcrevo tantos meses depois, porquanto não deixa de ser instrutivo e digno de aqui ser partilhado.

De Sebastião Panzo, no Jornal de Angola, em 5 de Janeiro de 2011

A revolução do sistema Braille para os invisuais

O escritor angolano Óscar Ribas e o francês Louis Braille têm traços em comum: ambos
foram cegos e revolucionaram o processo de escrita dos cidadãos invisuais.
Óscar Bento Ribas (17 de Agosto de 1909-19 de Junho de 2004) foi um escritor considerado por críticos como fundador da ficção literária local.
Óscar Ribas demonstrou uma propensão pouco comum entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores: revelou-se profundamente preocupado com os temas da literatura oral, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu.
Da sua vasta produção resultam as obras "Nuvens que passam" (novela, 1927), "Resgate
de uma falta" (novela, 1929), "Flores e espinhos" (1950), "Ecos da minha terra" (1952),
"Uanga - Feitiço" (romance folclórico), "Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos" (1958,
1975), "Missosso" (3 volumes - 1961, 1962, 1964), "Alimentação regional angolana"
(1965), "Izomba - Associativismo e recreio" (1965), "Sunguilando - Contos tradicionais
angolanos" (1967, 1989), "Kilandukilu - Contos e instantâneos" (1973), "Tudo isto
aconteceu" (Romance autobiográfico, 1975), "Cultuando as musas" (poesia, 1992). Muitas
obras foram escritas por Óscar Ribas sendo invisual, através da utilização de uma
máquina de escrita, em Braille, técnica encarada como uma verdadeira revolução pelo mundo.

Para conferir a sua importância, foi assinalado ontem, 4 de Janeiro, o Dia Mundial
do Braille. Esta efeméride pretende, acima de tudo, chamar a atenção para os problemas dos cidadãos invisuais e da responsabilidade que a todos nos envolve nesta problemática, de modo próprio, na construção de um mundo onde seja possível, cada vez mais, e em cada dia, a sua integração e um não pleno à discriminação.

O que tem isso a ver com o cidadão francês que tem traços comuns com o escritor angolano?
Louis Braille nasceu na pequena aldeia francesa de Coupvray, no distrito de Seine-et-Marne, a cerca de 45 quilómetros de Paris, no dia 4 de Janeiro de 1809.
O pai, homem de prestígio na região, era celeiro. Aos três anos, quando brincava
na oficina de trabalho do pai, ao tentar perfurar um pedaço de couro com uma sovela,
aproximou-a do rosto, o que acabou por ferir o olho esquerdo. A infecção produzida
pelo acidente expandiu-se e atingiu o outro olho. Ficou completamente cego.
Quatro anos depois, ele entrou para o Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então
com 18 anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de
pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares
onde seria perigoso acender a luz, Louis Braille fez algumas adaptações no sistema
de pontos em relevo.
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples
e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de
deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.
O braille é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula
braille permite 63 combinações de pontos. Assim, podem designar-se combinações de
pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas
usam uma forma abreviada de braille, em que certas células são usadas no lugar de
combinações de letras ou de palavras frequentemente usadas.

O braille provou ser muito adaptável como meio de comunicação. Quando Louis Braille
inicialmente inventou o sistema de leitura, aplicou-o à notação musical.
O método funciona tão bem que a leitura e escrita de música são mais fáceis para os cegos
do que para os que vêem. Hoje, vários termos matemáticos, científicos e químicos têm sido transpostos para o braille, abrindo amplos meios de conhecimento para os leitores cegos.
Relógios com ponteiros reforçados e números em relevo, em braille, foram produzidos, de modo que dedos ágeis possam sentir as horas.

Ao olharmos para os traços comuns entre Óscar Ribas e o francês Louis Braille, que
revolucionaram, cada um ao seu modo, o mundo dos invisuais, devemos agradecer especialmente ao angolano o legado da obra escrita, disponível para qualquer interessado, e ao segundo, a invenção e a verdade de que não existem limitações capazes de impedir
a realização do génio criador humano.
A revolução do sistema Braille para os invisuais

Evocando Luís Braille, inserto no Jornal de Angola, um texto de Sebastião Panzo, ensaiava um interessante paralelo entre o intelectual angolano Óscar Ribas e ocelebrado nome em epígrafe, o francês que inventou o sistema de leitura e escrita para cegos.
Só agora encontrei este apontamento e, mesmo com a devida ressalva do manifesto exagero por conta de um entusiástico arroubo nacionalista(porque o que conta é a intenção), aqui o transcrevo tantos meses depois, porquanto não deixa de ser instrutivo e digno de aqui ser partilhado.

De Sebastião Panzo, no Jornal de Angola, em 5 de Janeiro de 2011

A revolução do sistema Braille para os invisuais

O escritor angolano Óscar Ribas e o francês Louis Braille têm traços em comum: ambos
foram cegos e revolucionaram o processo de escrita dos cidadãos invisuais.
Óscar Bento Ribas (17 de Agosto de 1909-19 de Junho de 2004) foi um escritor considerado por críticos como fundador da ficção literária local.
Óscar Ribas demonstrou uma propensão pouco comum entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores: revelou-se profundamente preocupado com os temas da literatura oral, filologia, religião tradicional e filosofia dos povos de língua kimbundu.
Da sua vasta produção resultam as obras "Nuvens que passam" (novela, 1927), "Resgate
de uma falta" (novela, 1929), "Flores e espinhos" (1950), "Ecos da minha terra" (1952),
"Uanga - Feitiço" (romance folclórico), "Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos" (1958,
1975), "Missosso" (3 volumes - 1961, 1962, 1964), "Alimentação regional angolana"
(1965), "Izomba - Associativismo e recreio" (1965), "Sunguilando - Contos tradicionais
angolanos" (1967, 1989), "Kilandukilu - Contos e instantâneos" (1973), "Tudo isto
aconteceu" (Romance autobiográfico, 1975), "Cultuando as musas" (poesia, 1992). Muitas
obras foram escritas por Óscar Ribas sendo invisual, através da utilização de uma
máquina de escrita, em Braille, técnica encarada como uma verdadeira revolução pelo mundo.

Para conferir a sua importância, foi assinalado ontem, 4 de Janeiro, o Dia Mundial
do Braille. Esta efeméride pretende, acima de tudo, chamar a atenção para os problemas dos cidadãos invisuais e da responsabilidade que a todos nos envolve nesta problemática, de modo próprio, na construção de um mundo onde seja possível, cada vez mais, e em cada dia, a sua integração e um não pleno à discriminação.

O que tem isso a ver com o cidadão francês que tem traços comuns com o escritor angolano?
Louis Braille nasceu na pequena aldeia francesa de Coupvray, no distrito de Seine-et-Marne, a cerca de 45 quilómetros de Paris, no dia 4 de Janeiro de 1809.
O pai, homem de prestígio na região, era celeiro. Aos três anos, quando brincava
na oficina de trabalho do pai, ao tentar perfurar um pedaço de couro com uma sovela,
aproximou-a do rosto, o que acabou por ferir o olho esquerdo. A infecção produzida
pelo acidente expandiu-se e atingiu o outro olho. Ficou completamente cego.
Quatro anos depois, ele entrou para o Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então
com 18 anos, tornou-se professor desse instituto. Ao ouvir falar de um sistema de
pontos e buracos inventado por um oficial para ler mensagens durante a noite em lugares
onde seria perigoso acender a luz, Louis Braille fez algumas adaptações no sistema
de pontos em relevo.
Sendo um sistema realmente eficaz, por fim tornou-se popular. Hoje, o método simples
e engenhoso elaborado por Braille torna a palavra escrita disponível a milhões de
deficientes visuais, graças aos esforços decididos daquele rapaz há quase 200 anos.
O braille é lido da esquerda para a direita, com uma ou ambas as mãos. Cada célula
braille permite 63 combinações de pontos. Assim, podem designar-se combinações de
pontos para todas as letras e para a pontuação da maioria dos alfabetos. Vários idiomas
usam uma forma abreviada de braille, em que certas células são usadas no lugar de
combinações de letras ou de palavras frequentemente usadas.

O braille provou ser muito adaptável como meio de comunicação. Quando Louis Braille
inicialmente inventou o sistema de leitura, aplicou-o à notação musical.
O método funciona tão bem que a leitura e escrita de música são mais fáceis para os cegos
do que para os que vêem. Hoje, vários termos matemáticos, científicos e químicos têm sido transpostos para o braille, abrindo amplos meios de conhecimento para os leitores cegos.
Relógios com ponteiros reforçados e números em relevo, em braille, foram produzidos, de modo que dedos ágeis possam sentir as horas.

Ao olharmos para os traços comuns entre Óscar Ribas e o francês Louis Braille, que
revolucionaram, cada um ao seu modo, o mundo dos invisuais, devemos agradecer especialmente ao angolano o legado da obra escrita, disponível para qualquer interessado, e ao segundo, a invenção e a verdade de que não existem limitações capazes de impedir
a realização do génio criador humano.