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Lua Azul - blog de lua azul

Viajando pelo mundo dos livros... "O Livro do Destino" de Brad Meltzer - Capítulo 26

por lua azul

E parece que o que Boile tinha para dizer a Wes quando lhe liga no final do 24º capítulo do "Livro do Destino" era tão-somente uma espécie de ameaça que lhe lança já neste pequeno excertozinho do texto que irei publicar em seguida por aqui! De qualquer modo, pelo menos a mim parece-me que Wes não se deixa intimidar seja por que ameaça for, afinal de contas continua ansiosamente à espera de receber através do fax tudo aquilo que a bibliotecária lhe envia acerca de Boile ainda que por de trás de si tenha a impertinente figura de Cláudia a chamar-lhe constantemente a atenção para o facto de Maning já estar quase preparado para sair! Depois quando o fax finalmente é impresso, Wes repara nalgumas partes de cada uma das folhas onde consegue detectar a caligrafia de Maning a "olho nu", o que pelo menos a meu ver, deve significar que de facto o antigo presidente dos Estados Unidos devia saber logo desde o início que Boile sempre tinha estado vivo tal como Rogo e Dreidel nunca se cansaram de avisar o nosso narrador que poderia ter acontecido!

26

“Olá, como estão as coisas?" Digo no meu celular, enquanto Claudia me olha da porta da sala de cópias.
"Você sabe quem está falando?", pergunta Boyle do outro lado da linha. O seu tom é cortante, cada sílaba talhando como uma ponta de gelo. Ele está impaciente. E nitidamente irritado.
"É claro. É bom ouvir sua voz, Eric." Eu uso de propósito o seu an¬tigo nome em código no lugar de Carl Stewart. Ele não precisa saber que eu descobri este outro.
"Você está sozinho?", pergunta ele, enquanto os lábios de Claudia se enrugam ainda mais e ela abaixa o queixo com um olhar que lança chamas.
"Claro, eu estou com a Claudia bem aqui..."
"Fique longe disso, Wes. Esta não é sua luta. Está me ouvindo? Não é a sua luta."
A linha fica muda. Boyle desaparecera. Ele desligou.
"Não, isto é ótimo", digo para a linha agora silenciosa. "Eu o vejo em breve." Eu não sou o maior mentiroso do mundo, mas ainda sou bom o bastante para convencer Claudia de que nada está errado.
"O que está errado?" pergunta ela.
"Era... era por parte de Manning. Ele disse que vai demorar mais alguns minutos..."
Seus olhos se estreitam, enquanto ela processa as notícias. Atrás de mim, o fax recomeça a trabalhar fazendo barulho. Dou um pulo ao ouvir o som, que me atinge como uma bala.
"O quê?" pergunta ela.
"Não, apenas... ele me assustou." Durante quase um ano depois do tiroteio, cada som alto que ouvia... mesmo cenas de ação em fil¬mes... os barulhos altos ecoavam como o ataque de Nico. Os médicos disseram que isto iria desaparecer com o tempo. E desapareceu. Até agora.
Conhecendo aquele olhar em meu rosto, Claudia faz uma pausa e fica mais suave, mas, como sempre, retorna a sua única prioridade. "Você já deveria estar fora daqui", diz ela.
"Eu vou... vou apenas pegar isto. Você sabe como ele gosta de saber os nomes", acrescento, tratando o assunto como algo benéfico para Manning. Só isso me dá alguns segundos a mais.
Quando me volto em direção ao fax, a página da frente já aparece. Então o fax já está na metade da página final.
Agarro o canto esquerdo da folha quando ela sai do fax, depois in¬clino a cabeça, esforçando-me para lê-la de cabeça para baixo. O canto superior diz Washington Post. Pelo que posso perceber, trata-se da seção humorística do jornal. Hagar, o Terrível... depois Beetle Bailey aparece. Mas quando Beetle Bailey acaba, há algo escrito à mão no espaço aber¬to do segundo painel da tira cômica: linhas retas e desajeitadas em letra corrente como se tivessem sido escritas no painel de um carro em movi¬mento. É quase ilegível para um olho destreinado. Felizmente meus olhos foram treinados durante anos. Eu conheço a caligrafia de Manning em qualquer lugar.
Governador Roche... M. Heatson, leio para mim mesmo.
A linha seguinte faz ainda menos sentido. Anfitriã — Mary Angel.
Roche é o ex-governador de Nova York, mas Heatson ou Mary Angel... não me faz lembrar de nada.
Quando o resto da página sai do fax, não há mais nada além da seção humorística, Peanuts, Garfield e Blondie.
Este era o final do enigma de Boyle? Olho de novo para a nota escri¬ta à mão. Governador Roche... M. Heatson... Anfitriã — Mary Angel. Ainda não significam nada.
"Wes, ele está aqui", grita Claudia, desaparecendo no corredor.
"Estou indo", digo, enquanto as linhas finais de Beetle Bailey saem do fax. Quando me viro para sair, a página cai ao chão. Parando para pegá-la, dou uma olhada na linha que mostra o Número de Páginas. Para a minha surpresa, ela mostra 3.
O fax começa a trabalhar de novo, e uma página final desliza em minha direção. A bibliotecária havia dito uma folha. E é uma folha... dos dois lados. Frente e verso.
Inclino-me para o fax e tento ler o documento à medida que cada linha é impressa na página com tinta fresca. Como a página humorística, esta tem o tom levemente cinzento de uma fotocópia recém-impressa preenchida com mais caligrafia do presidente. Mas, quando tento lê-la para mim mesmo, a cena no quarto escuro fica super-exposta, mais obscurecida do que nunca.
"Wes...", chama da porta da frente o presidente.
"Estou a caminho", digo, pegando minha maleta, arrancando a fo¬lha do fax e correndo rapidamente pelo corredor. Dou mais uma olhada na página antes de enfiá-la no bolso do paletó. Isto não faz sentido. Que diabos Boyle poderia fazer com isto?