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Cegos guiados por telemóvel de casa até à estação de metro

por Lerparaver

A Empresa do Metro do Porto prepara-se para eliminar mais uma barreira à mobilidade dos seus clientes. Dentro de um ano, e através de um simples telemóvel, será possível aos invisuais e aos cidadãos com problemas de visão ter acesso às mesmas informações de um cidadão normal. Mais ainda, poderão saber, ainda antes de sair de casa, qual o tempo previsto até à chegada da próxima composição. Já no interior da estação, 'ouvirão' todas as indicações afixadas nos painéis de informação.

Os projectos, inéditos a nível mundial, foram denominados de Infometro (Portal de voz interactivo do Metro do Porto para utentes com dificuldades visuais) e Navmetro (Sistema complementar de navegação pessoal na rede do Metro do Porto para pessoas com dificuldades visuais).

Telemóveis normais

O serviço, que será gratuito, poderá ser acedido através de telemóveis disponíveis no circuito comercial. Para o Infometro, será suficiente um terminal normal e o cliente apenas terá de assinar um documento autorizando a sua localização.

A partir do momento em que é efectuada a chamada para o serviço, o utilizador é localizado (como se estivesse a usar um GPS) e é-lhe explicado, por exemplo, o trajecto mais curto para a próxima estação do Metro, quanto tempo falta para a próxima composição, ou qualquer outra informação que seja considerada relevante.

O Infometro será um sistema universal, uma vez que poderá ser utilizado por todos os clientes do Metro, ou seja, não está fora de hipótese a sua disponibilização, por exemplo, como instrumento de apoio para os turistas estrangeiros.

Para "navegar" no interior das estações é obrigatório ter um telemóvel com tecnologia "bluetooth", que possa 'comunicar' com os painéis informativos.

Ao serviço das pessoas

Estes inovadores projectos começaram a ser imaginados, não muito longe da sede da Metro, por Diamantino Freitas, do Departamento de Electrotecnia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

"Já há alguns anos que estudava a melhor forma de colocar a tecnologia ao serviço das pessoas com necessidades especiais e a empresa mostrou-se muito receptiva às minhas propostas", referiu Diamantino Freitas.

O principal objectivo do trabalho que será agora desenvolvido durante um ano, pela FEUP e a Metro do Porto, com a colaboração da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), é "transmitir eficazmente a informação". "Ou seja, com fidelidade, em tempo útil e com conforto para o utilizador. Queremos que seja tão fácil como ter uma pessoa ao lado", diz Diamantino Freitas.

Para a Metro do Porto, este projecto surge como prolongamento natural da sua política de universalidade.

"Queremos prestar o mesmo serviço a todos os passageiros. Isso está conseguido, por exemplo, a nível arquitectónico, com todas as estações acessíveis. Ainda antes da entrada em exploração comercial, tivemos a ajuda da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) no 'desenho' das estações", referiu Manuel Paulo Teixeira, responsável pelo gabinete de projectos da Metro do Porto.

Diana Santos, técnica de Orientação e Mobilidade da ACAPO, destacou o conforto de utilização do Metro.

"Tenho uma utente de Valongo que usa o autocarro e tem de contar as curvas para saber em que paragem sair. O metro é mais 'amigável' e este projecto irá permitir maior independência a pessoas com deficiência visual ou baixa visão", referiu Diana Santos.

Estado comparticipa na compra de telemóveis

Uma das vantagens deste projecto é que os telemóveis são considerados como "ajuda técnica" para os cegos e amblíopes e, como tal, a sua compra é subsidiada.

Considerado de "interesse público"

O Infomtero e o Navmetro foram considerados projectos de "interesse público" e contemplados com o financiamento máximo previsto no programa de Inclusão Digital. Agora, será uma corrida contra o tempo, pois os projectos têm de estar concluídos e funcionais em Outubro do próximo ano.

Fonte: http://jn.sapo.pt/2006/10/02/porto/cegos_guiados_telemovelde_casa_a_est.htm