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O estado da visão em Portugal

por Lerparaver

Somos 810 oftalmologistas em Portugal, dos quais 440 trabalham no Serviço Nacional de Saúde. Com pouco mais de 10 milhões de habitantes, o rácio de um oftalmologista para quinze mil cidadãos está próximo da média de países europeus, só que uma análise mais detalhada dos números diz-nos que 35% dos oftalmologistas têm mais de 55 anos e 64% mais de 45 anos, o que exige das entidades competentes uma atenção à necessária renovação etária desta classe profissional.

Por outro lado, verifica-se uma assimétrica distribuição de oftalmologistas no país, com manifesta concentração no litoral e nos grandes centros urbanos. Estará esta distribuição de acordo com o rácio aconselhável, em função da população existente? Será outra atenção que competirá às entidades competentes analisar.

Integrado no Plano Nacional de Saúde 2004/2010, o Programa Nacional para a Saúde da Visão elabora estratégias e orientações técnicas para as diversas patologias que afectam a visão, através de uma Comissão que tem a responsabilidade de trabalhar sobre a realidade nacional e que já propôs a criação de Centros de Observação de patologias para melhor conhecermos o que se passa nas várias áreas de intervenção da oftalmologia. O objectivo final é a criação de serviços de oftalmologia, redes de referenciação, protocolos inter-serviços ou programas específicos que venham a fornecer a todos os portugueses o que de melhor existe, em termos técnicos, a nível nacional.

Cerca de 50% dos portugueses têm de alguma maneira necessidade de usar óculos. A falta de diagnóstico atempado da necessidade de óculos, e o estrabismo, leva a cerca de 300 mil olhos preguiçosos (menos funcionais).

A degenerescência macular da idade (DMI) atinge cerca de 45 mil portugueses na sua forma tratável.

O glaucoma rouba a visão sem que o doente se aperceba. Mais de 100 mil portugueses são afectados por esta doença e um número superior a 30 mil tem, de alguma forma, cegueira irreversível.

A diabetes atinge cerca de 600 mil pessoas em Portugal. A nível geral, e no caso específico da oftalmologia, é um problema de saúde pública a requerer programas de combate à doença.

A catarata é a doença que mais beneficiou com a evolução tecnológica. Seis em cada dez pessoas com mais de 60 anos sofre de algum tipo de catarata, o que transposto para a realidade nacional dá 170 mil afectados. Operam-se em Portugal cerca de 30 mil por ano.

A investigação oftalmológica tem centros de renome mundial. A recente criação da Fundação Champalimaud que, nos seus estatutos, privilegia a investigação em oftalmologia, é factor de satisfação para todos os que trabalham nesta área. Mas são e serão sempre os doentes os grandes beneficiários do espírito inovador e criativo dos investigadores.

Portugal é, na oftalmologia, local de escolha para a realização de grandes congressos europeus, não só pelas excelentes condições climatéricas e gastronómicas que oferece, mas, principalmente, pelo prestígio que os seus profissionais adquiriram no campo científico.

Somos um país que no contexto europeu e mundial se pode orgulhar dos recursos humanos e técnicos que possui em oftalmologia. Precisamos de mais organização e de mais algum investimento em inovação, principalmente numa altura em que novas terapêuticas estão a surgir.

“Cerca de 50% dos portugueses têm de alguma maneira necessidade de usar óculos”.

Dr. F. Esteves Esperancinha,

Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia

Prof. A. Castanheira Dinis, Coordenador da Comissão do Programa Nacional para a Saúde da Visão

Fonte: http://www.medicosdeportugal.iol.pt/action/2/cnt_id/1463/